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Possível acordo da Opep se opõe a mais produção no Golfo Persa

Grant Smith

19/08/2016 16h20

(Bloomberg) -- Mesmo que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo feche um acordo com a Rússia em Argel no mês que vem para congelar a produção de petróleo, esse acerto significaria muito menos do que quando foi tentado sem sucesso quatro meses atrás.

O preço do petróleo avançou mais de 10 por cento desde que a Opep informou que realizaria uma reunião informal na capital da Argélia. O anúncio alimentou especulações de que o grupo conseguiria enfim fechar o acordo com produtores rivais em relação à oferta, que não deu certo em abril.

O Irã talvez abandone a postura de recusa a aderir ao congelamento, após ter recuperado a maior parte da produção que era limitada por sanções. Segundo analistas, esse desdobramento tornaria um acordo mais provável, mas também menos impactante.

"Um congelamento em 34 milhões de barris diários não é o mesmo que em 33 milhões de barris diários", disse David Hufton, CEO da corretora PVM Group em Londres, se referindo a sua própria estimativa para a produção total dos integrantes da Opep. "Isso adiaria o processo de reequilíbrio em pelo menos um ano."

Arábia Saudita e Irã - cuja rivalidade política atrapalhou negociações anteriores ? estão produzindo juntos cerca de 1 milhão de barris diários a mais do que em janeiro, nível da proposta original de congelamento.

Essa quantia adicional prolongou a situação de excedente global, impedindo que o mercado voltasse a apresentar déficits neste trimestre, de acordo com cálculos da Bloomberg com base em dados da Agência Internacional de Energia.

A cotação do barril não tem se sustentado muito acima de US$ 50.

Dezesseis países que respondem por aproximadamente metade da produção global de petróleo se reuniram em 17 de abril, mas as conversas foram interrompidas por causa da exigência de última hora da Arábia Saudita que o Irã também participasse.

O Irã não compareceu ao encontro em Doha porque se recusou a considerar qualquer limite a sua produção, que havia sido liberada em janeiro das sanções relativas a seu programa nuclear.

Produção recorde

Agora que grandes produtores, incluindo o Irã, estão produzindo perto da capacidade máxima, eles pouco têm a perder se concordarem com um limite, declarou Chakib Khelil, que já foi presidente da Opep e ministro da Energia da Argélia, em entrevista à Bloomberg Television em 17 de agosto.

O Irã produziu em julho cerca de 600.000 barris diários a mais do que em janeiro, após retomar as operações em campos fechados durante quase quatro anos de sanções, de acordo com a Agência Internacional de Energia.

Já a Arábia Saudita produzia cerca de 410.000 barris diários a mais e a produção do país bateu recorde para atender à disparada da demanda doméstica e defender sua participação nos mercados globais, segundo a agência.

"Todas as condições estão estabelecidas para um acordo", disse Khelil, que liderava a Opep em 2008, quando o último corte de oferta foi anunciado. "Rússia, Iraque, Irã e Arábia Saudita estão alcançando os níveis máximos de produção. Eles já ganharam toda a participação de mercado que podiam."