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Europa busca vida após Brexit e Merkel se reúne com aliados

John Follain, Geraldine Amiel e Birgit Jennen

22/08/2016 17h14

(Bloomberg) -- O porta-aviões italiano Giuseppe Garibaldi normalmente patrulha o Mar Mediterrâneo como navio da missão europeia para resgatar refugiados que naufragam. Na segunda-feira, receberá os líderes de Alemanha, França e Itália, que tentam garantir que a União Europeia não afunde após o Brexit.

A reunião entre Angela Merkel, François Hollande e Matteo Renzi no litoral de Nápoles estará carregada de simbolismo.

O Garibaldi, que recebeu este nome em homenagem ao general que ajudou a unificar o Estado italiano no século 19, após passagem marcante pela América do Sul, está enfrentando um dos maiores obstáculos atuais ao projeto europeu: a chegada de refugiados.

Antes de serem levados de helicóptero da ilha de Ventotene para o navio, os líderes visitarão o túmulo de Altiero Spinelli, um antifascista que em 1941 ajudou a redigir um manifesto que pedia uma Europa federal. Spinelli escreveu em papéis de cigarro contrabandeados de um campo de prisioneiros em Ventotene quando estava preso durante a Segunda Guerra Mundial e mais tarde se tornou comissário da UE.

Os líderes atuais das três maiores economias da zona do euro se concentrarão na perspectiva futura da Europa e nos desafios imediatos, como a decisão do Reino Unido de sair da UE, o crescimento econômico, o terrorismo, a turbulência política na Turquia e a migração.

Eles darão uma entrevista coletiva e depois jantarão a bordo do Garibaldi, na tentativa de definir para onde a Europa irá a partir de agora e qual será a posição da UE na negociação com o Reino Unido.

"São muitos países e todos eles têm coisas um pouco diferentes em suas agendas", disse Rob Carnell, responsável por economia internacional do ING em Londres, em entrevista à Bloomberg Television. "Vai ser difícil eles chegarem a uma conclusão definitiva sobre o que é preciso fazer, porque todos vão discordar".

Planos de Merkel

Para Merkel, esta reunião marca o começo de uma semana que será um turbilhão de diplomacia. Ziguezagueando pela Europa, ela conversará com outros 13 líderes entre quarta-feira e sábado, angariando opiniões antes de ter discussões mais concretas na cúpula dos 27 estados-membros no mês que vem em Bratislava, na Eslováquia. O evento foi marcado para definir o caminho que a UE seguirá sem o Reino Unido.

"Ela quer ter a discussão mais ampla possível com a maior quantidade possível de agentes envolvidos", disse Steffen Seibert, porta-voz de Merkel, na sexta-feira.

Como sempre, a retomada da atividade econômica da UE pode ser um ponto polêmico. A Itália quer que os governos europeus se empenhem mais em estimular o crescimento econômico e prevê que encontrará resistência da Alemanha, ao mesmo tempo em que as autoridades francesas tentam encontrar uma fórmula orçamentária que possa agradar seus parceiros sem quebrar as regras.

"Queremos uma política econômica diferente, mais expansionista, no nível europeu", disse Sandro Gozi, subsecretário de Estado para assuntos europeus, em entrevista. "Sobre isto, há acordo com os franceses. Precisamos trabalhar mais com os alemães".