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Ano de seca para IPOs com saída de fundos de private equity

Alex Barinka e Kiel Porter

24/08/2016 17h26Atualizada em 24/08/2016 19h20

(Bloomberg) -- Foram 12 meses duros para as aberturas de capital de empresas com participação de fundos de private equity.

A atividade de emissão inicial de ações quase parou completamente no ano passado após a depressão do mercado acionário que começou no dia 24 de agosto. Como a volatilidade perturbou as ações, investidores nervosos evitaram riscos e tornaram mais difícil a venda de ações de empresas com participação de fundos de private equity que possuem muitas dívidas.

Companhias de private equity que procuram vender empresas em seu portfolio colocaram as aberturas de capital mais abaixo em suas listas de opções. Algumas já garantiram retornos vendendo-as no mercado privado. Outras adiaram uma saída até que os investidores avessos a riscos de 2016, que estão exigindo descontos mais profundos nos preços, não se acalmem um pouco.

Nos últimos 12 meses, 48 empresas com a participação de fundos de private equity abriram seu capital, levantando US$ 9,6 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg. O número se compara com 83 ofertas do mesmo tipo no ano anterior, com um volume de US$ 42,3 bilhões.

"O mercado de IPOs ficou essencialmente fechado aos fundos de private equity nos últimos três trimestres", disse Malcolm Price, um dos diretores do Credit Suisse Group.

Mercado de compradores

O mercado tem sido de compradores. Como os investidores estão negociando com mais dureza, apenas as empresas com participação de private equity com os perfis financeiros melhores conseguiram abrir seu capital.

Enquanto isso, muitas empresas que fecharam seu capital no boom de aquisições alavancadas de 2005 até 2007 já acharam uma saída. A era de aquisições desenfreadas produziu, acima de tudo, retornos medíocres e alguns fracassos notáveis fizeram com que as empresas de aquisições evitassem megatransações. O resultado: nenhum fundo de private equity encabeçou uma transação pelo valor de US$ 15 bilhões ou mais desde a crise financeira de 2008.

Redução de tamanho

Isso significa que as empresas com participação de fundos de private equity, e o tamanho de seus IPOs, foram se tornando progressivamente menores. A maior abertura de capital de uma empresa com participação de private equity neste ano nos EUA - a da U.S. Foods - levantou apenas US$ 1,2 bilhão, mas esse montante foi cerca de oito vezes maior do que o tamanho médio das ofertas em 2016, de US$ 148 milhões. O valor de mercado da empresa é de US$ 5,5 bilhões.

As empresas determinadas a crescer de forma independente ou que não conseguiram achar comprador estão se somando à lista cada vez maior das que estão prontas para uma abertura de capital e esperam a oportunidade. Após a calmaria dos mercados em agosto - o CBOE Volatility Index é negociado ao valor mais baixo para o mês de agosto com exceção de 1993 e 1994 - e o feriado do Dia do Trabalho nos EUA, muitas delas poderiam realizar IPOs.

"Atualmente não é incomum que os fundos de private equity tenham todos os documentos e o material de marketing para uma abertura de capital preparados para poder aproveitar a oportunidade assim que ela aparecer", disse Avery Whidden, diretor do JP Morgan Chase & Co. na América do Norte.