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Egito poderia realizar próxima grande desvalorização da África

Ahmed A. Namatalla e Ahmed Feteha

24/08/2016 10h52

(Bloomberg) -- De acordo com o presidente do Egito, o futuro do país está em jogo.

Como a moeda está sendo negociada perto de um piso recorde no mercado paralelo, as reservas cobrem apenas três meses de importações e o déficit em conta-corrente está crescendo, aumenta a pressão para que o estado árabe mais populoso desvalorize a libra egípcia para aliviar a escassez de dólares que levou as autoridades a pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional. O Egito está trabalhando para acabar com o problema cambial dentro de "meses" como parte do plano para implementar reformas econômicas, disse o presidente Abdel-Fattah El-Sisi em uma entrevista publicada nesta semana.

A seguir, cenários possíveis para a política monetária e suas perspectivas de acabar com a escassez de dólares e aumentar a estabilidade da taxa de câmbio:

Flutuação da libra egípcia

O Egito poderia seguir o exemplo da Nigéria. A última grande desvalorização cambial da África começou em junho, quando as autoridades cederam à pressão do mercado e acabaram com a fixação do naira ao dólar, que durou quase 16 meses. A moeda era negociada no mercado paralelo quase 50 por cento abaixo do câmbio oficial antes que os controles fossem suspensos e o naira caísse 30 por cento. Desde então, a moeda se desvalorizou cerca de 10 por cento.

Chances de sucesso: Embora a estratégia da Nigéria tenha começado a dar frutos, os investidores internacionais demoraram a reagir e a moeda local continua sendo negociada com um desconto de cerca de 20 por cento no mercado paralelo. Para o Egito, "é possível ir diretamente para a flutuação livre, mas é arriscado", disse Reham El Desoki, economista sênior no Cairo da Arqaam Capital. "Também exige que as pessoas confiem no sistema, para que injetem seus ativos em moedas estrangeiras no canal oficial". Dos seis economistas ouvidos pela Bloomberg, nenhum espera que o Egito passe diretamente à flutuação.

Terapia de choque

O Egito poderia repetir sua tentativa anterior de atrair capital internacional em março, quando o banco central realizou a maior desvalorização da libra em 13 anos, aliviou os controles de capital, elevou os juros e ofereceu a compradores estrangeiros de notas soberanas do Tesouro proteção contra futuras desvalorizações da moeda.

Chances de sucesso: Esta estratégia não conseguiu atrair o capital. A posse internacional da dívida local continua quase nula, em comparação com cerca de US$ 10 bilhões no fim de 2010. "Os responsáveis pela política econômica teriam que ir até o fim, chegar o mais perto possível da flutuação livre", disse Jason Tuvey, economista para o Oriente Médio da Capital Economics em Londres. "Menos que isso, em minha opinião, pode não ser satisfatório para o FMI e com certeza não será para os investidores". A decisão poderia funcionar desta vez se a desvalorização for mais agressiva e se o banco central tiver mais dinheiro em mãos para mudar a sensação de que a libra está sobrevalorizada, disse El Desoki, da Arqaam.