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Baixa descoberta de petróleo sinaliza deficit de oferta futuro

Mikael Holter

30/08/2016 10h19

(Bloomberg) -- As empresas exploradoras descobriram em 2015 apenas um décimo da quantidade anual média de petróleo encontrada desde 1960. Neste ano, é provável que a fatia seja ainda menor, gerando novos temores em relação à capacidade delas de atender a demanda futura.

Com a queda dos preços do petróleo em mais da metade desde o colapso dos preços há dois anos, as empresas de perfuração reduziram severamente seus orçamentos para exploração. O resultado: apenas 2,7 bilhões de barris de nova oferta foram descobertos em 2015, menor quantidade desde 1947, segundo números da consultoria Wood Mackenzie, que tem sede em Edimburgo, na Escócia. Neste ano, as empresas de perfuração descobriram apenas 736 milhões de barris de petróleo convencional até o fim do mês passado.

Trata-se de uma preocupação para o setor em um momento em que a Administração de Informação de Energia dos EUA estima que a demanda global por petróleo crescerá de 94,8 milhões de barris por dia neste ano para 105,3 milhões de barris em 2026. Embora o boom do xisto dos EUA possa compensar a diferença, os preços, estacionados abaixo de US$ 50 por barril, prejudicaram qualquer crescimento substancial no país.

Enquanto isso, as novas descobertas feitas com perfuração convencional estão "no fundo do poço", disse Nils-Henrik Bjurstroem, gerente de projeto sênior da consultoria Rystad Energy, com sede em Oslo, na Noruega. "Definitivamente haverá um impacto forte sobre a oferta de petróleo e gás, especialmente sobre o petróleo".

Os estoques globais foram impulsionados pela produção à máxima velocidade da Rússia e da Opep, que inundaram o mundo de petróleo apesar da queda dos preços para defender suas participações de mercado. Mas os anos de baixos investimentos serão sentidos já em 2025, disse Bjurstroem. As produtoras substituirão pouco mais de um em cada 20 barris consumidos neste ano, disse ele.

O gasto global em exploração, dos estudos sísmicos à perfuração em si, foi reduzido para US$ 40 bilhões neste ano, contra cerca de US$ 100 bilhões em 2014, disse Andrew Latham, vice-presidente da Wood Mackenzie para exploração global. Os gastos provavelmente permanecerão no mesmo nível até 2018, disse ele.

É mais fácil eliminar a exploração do que os investimentos em desenvolvimento devido aos compromissos dos contratos mais curtos com fornecedores. Neste ano, isso responderá por cerca de 13 por cento do gasto do setor, contra uma fatia histórica de 18 por cento, disse Latham.

O resultado é que há menos perfuração, apesar de a retração do mercado ter reduzido o custo das operações. Foram perfurados 209 poços até agosto deste ano, contra 680 em 2015 e 1.167 em 2014, segundo a Wood Mackenzie. Os números contrastam com uma média anual de 1.500 nos dados registrados desde 1960.

Daqui a dez anos, quando os dados de exploração baixos observados agora começarem a afetar a produção, haverá um "potencial significativo de aumento dos preços do petróleo", disse Bjurstroem.