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Por que setembro poderá ser muito importante para os mercados

Siddharth Verma e Luke Kawa

31/08/2016 13h07

(Bloomberg) -- O primeiro debate da campanha presidencial nos EUA. Um anúncio sobre taxas de juros dos bancos centrais do G-20 quase um dia após o outro. E uma reunião fundamental entre os países produtores de commodities de todo o mundo.

Com um calendário cheio em setembro, nenhuma classe de ativos estará imune a um possível risco provocado pelos acontecimentos.

Sem contar que este mês costuma ser o pior do ano para as ações -- o único em que a mediana de retornos do S&P 500 é negativa desde 1928, segundo a diretora de estratégia acionária e quantitativa para os EUA do Bank of America Merrill Lynch, Savita Subramanian.

Agora, os estrategistas de Wall Street estão alertando para o fim da tranquilidade incomum que caracterizou os mercados em agosto e aconselhando que os clientes adotem posições compradas na volatilidade, mencionando, em parte, a perspectiva de uma alta da correlações entre ativos.

O primeiro evento importante para começar os festejos do mês é o relatório sobre dados do mercado de trabalho de agosto, cuja publicação está marcada para sexta-feira. Um número forte poderia armar o cenário para um aumento de taxas do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) na próxima reunião das autoridades, no dia 21 de setembro.

O Conselho do BCE se reunirá no dia 8 de setembro em uma tentativa de vida ou morte de salvar sua estratégia de flexibilização quantitativa diante dos limites autoimpostos sobre o que o banco pode comprar. Os analistas dizem que o BCE poderia ampliar o horizonte de seu programa de aquisição de ativos de março para setembro de 2017.

A próxima reunião do Banco da Inglaterra será no dia 15 de setembro -- os analistas consultados pela Bloomberg estimam uma probabilidade de apenas 6,3 por cento de uma redução de juros na reunião -- e as atenções estarão voltadas para os problemas de implementação do esquema de aquisição de títulos da autoridade monetária após um começo complicado para o programa.

Além disso, a Cúpula do G-20 ocorrerá nos dias 4 e 5 de setembro. A China, país anfitrião, tentará se concentrar no crescimento global e nos problemas do setor financeiro. Nos últimos meses, houve uma mudança no discurso das autoridades de economias avançadas a favor de uma política fiscal mais relaxada, por causa dos retornos cada vez menores do estímulo monetário.

E embora a Organização de Países Exportadores de Petróleo pudesse passar a se chamar Organização que Pediu para Congelar a Produção, analistas do Barclays veem motivos para acreditar que desta vez a ameaça de manter a produção nos atuais níveis é mais crível. As autoridades dos países-membros da Opep têm uma reunião marcada na Argélia de 26 a 28 de setembro.

Setembro também é o começo do ano escolar nos principais mercados de capitais do mundo, e os analistas estimam um ritmo acelerado de emissões com grau de investimento nos EUA apesar da oferta extraordinariamente forte em agosto. Os analistas do Bank of America, por exemplo, projetam US$ 120 bilhões em novos papéis com alto grau. A facilidade com que os mercados de crédito absorverem a oferta servirá de indicador das fusões e aquisições e dos volumes de recompra de ações no segundo semestre do ano, devido à função desproporcional do mercado de títulos nessas atividades de financiamento corporativo, dizem os analistas.