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Quem se lembra das preocupações com dívidas dos emergentes?

Tracy Alloway

13/09/2016 11h26

(Bloomberg) -- Como as coisas mudam rápido nos mercados emergentes.

No início do ano, os preços dos ativos da região desabaram, diante de preocupações em relação à capacidade de países em desenvolvimento e suas empresas de honrar o serviço da dívida, especialmente denominada em dólares.

Vieram alertas do Banco de Compensações Internacionais e de analistas famosos. Passados nove meses, os investidores de mercados emergentes parecem surfar uma nova onda de otimismo, graças em parte à estabilidade do dólar e aos juros baixíssimos nos mercados desenvolvidos, que, em conjunto, aliviam as pressões sobre contrapartes emergentes.

A virada no sentimento é ressaltada pelas vendas de dívida denominada em dólares. Desde o começo do ano, empresas de países emergentes emitiram US$ 153 bilhões, de acordo com estimativas do Citigroup para os títulos elegíveis a índices.

O total é 7% maior do que no mesmo período do ano passado. Enquanto isso, os prêmios de risco dos títulos de mercados emergentes também encolheram, à medida que a busca global por rendimento incentiva investidores a procurar taxas maiores em locais remotos como El Salvador, Mongólia e Zâmbia.

"Os investidores que se lembram dos dias negros [do primeiro trimestre de 2016] entendem que a capacidade da classe de ativos emergentes de refinanciar seus vencimentos no pico em 2018-2020 era uma grande preocupação e um dos principais motivos para o alargamento dos spreads", escreveram W.R. Eric Ollom e Ayoti Mittra, analistas de crédito de mercados emergentes do Citi. "Como o mundo parece diferente."

Enquanto o apetite por esse tipo de dívida continuar inabalável, as companhias de mercados emergentes conseguirão suprir as necessidades de rolagem de títulos e empréstimos, argumenta o Citi.

O auge dessa necessidade ocorrerá em 2020, quando vencem US$ 117 bilhões em dívidas corporativas. O montante ultrapassa de longe a emissão anual média de US$ 214 bilhões dos últimos quatro anos.

No entanto, o Citi afirma que a valorização das dívidas dos emergentes aparentemente é embalada por investidores que buscam retorno e os valores dos ativos parecem esticados. Isso porque os gestores de carteiras encontram poucas alterativas de investimentos que geram rendimento e estão presumindo compensação menor em troca de assumir o risco dos emergentes.

"A operação TINA (acrônimo em inglês para a expressão 'Não há alternativa') continua sendo uma grande força no mercado enquanto os investidores varrem o mundo em busca de rendimentos maiores em um universo de juros baixos", concluem os analistas. "Recomendamos que os investidores permaneçam comprados nessa classe de ativos."