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YPF vê bilhões em investimentos com mudanças na Argentina

Alex Nussbaum e Andres R. Martinez

22/09/2016 11h17

(Bloomberg) -- A maior empresa de petróleo da Argentina prevê que o governo cancelará os subsídios à produção até o fim de 2017, uma medida que pode ajudar a atrair investimentos em um momento em que o presidente Mauricio Macri tenta vender sua visão de uma economia mais competitiva.

As reformas, incluindo as negociações com sindicatos e empreiteiras para ajudar a reduzir os custos, poderão atrair cerca de US$ 5 bilhões a US$ 10 bilhões em investimentos adicionais para o setor de petróleo e gás do país até o fim do ano que vem, disse o presidente da YPF, Miguel Ángel Gutiérrez, em entrevista, na quarta-feira, na sede da Bloomberg em Nova York. A YPF também manteve negociações com produtoras de energia do "middle-market" e com empresas de investimentos para tentar atrair ainda mais dinheiro, disse ele.

"Precisamos mostrar para o mundo que somos capazes de reduzir custos", disse Gutiérrez. "Com o conjunto certo de condições, penso que o investimento virá".

Embora o apoio à produção de gás natural deva continuar em vigor por mais três anos depois de expirar, no ano que vem, a direção está clara, disse ele. "Estamos nos movendo em direção a uma economia de mercado, sem dúvida. Nossa indústria não é exceção".

Desde que assumiu a presidência, em dezembro, Macri desvalorizou a moeda nacional, eliminou restrições cambiais e reduziu subsídios ao combustível para tentar reanimar a moribunda economia da Argentina. A estatal YPF, enquanto isso, está cortejando corporações internacionais como a Exxon Mobil e a francesa Total em busca de ajuda para desenvolver a segunda maior reserva de petróleo e gás de xisto do mundo.

Em aceno à opinião pública, Gutiérrez disse que a YPF "sem dúvida" continuará sendo controlada pelo governo. No entanto, as reformas do mercado estão tornando a empresa e o país mais competitivos e ajudando a atrair investimentos de grandes empresas de energia, firmas de private equity e outros apoiadores, disse ele.

Negociações de contrato

A YPF está negociando com sindicatos e empreiteiras para reduzir os custos e os governos nacional e estaduais investiram bilhões em novas estradas e outras obras de infraestrutura em Vaca Muerta, região de vastos e quase inexplorados campos de xisto do país, disse Gutiérrez. A empresa com sede em Buenos Aires espera reduzir os custos de perfuração para menos de US$ 10 milhões por poço até o fim deste ano, disse ele.

Macri encerrou uma batalha de 15 anos com detentores de títulos, que havia deixado o país fora dos mercados de dívidas, e reduziu o déficit orçamentário, que havia disparado sob o comando dos presidentes anteriores. Além disso, substituiu a direção da YPF neste ano, nomeando Gutiérrez, ex-executivo da Telefónica e do JPMorgan Chase, como presidente.