IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Índice de pobreza argentino mostra tamanho do desafio de Macri

Charlie Devereux

29/09/2016 09h09

(Bloomberg) -- Quando foi eleito, em novembro passado, Mauricio Macri fez da eliminação da pobreza um de seus três principais objetivos como presidente da Argentina. Com a divulgação das estatísticas de pobreza, na quarta-feira, ele disse que essa era mais uma aspiração do que uma meta.

No segundo trimestre, 32,2% da população vivia abaixo da linha de pobreza, de acordo com dados do instituto nacional de estatísticas (Indec). O relatório é o primeiro indicador de pobreza divulgado em três anos. O governo anterior havia suspendido a publicação do índice. Cerca de 6,3% das pessoas estão vivendo em condição de pobreza extrema.

Em entrevista coletiva após a divulgação dos números, Macri disse que será julgado por sua capacidade de reduzir a pobreza e que seu plano para isso é continuar abrindo a economia ao investimento e gerando empregos de "qualidade".

Até o momento, as reformas que ele prescreveu, como a retirada de restrições cambiais e comerciais e a redução de subsídios custosos, tiveram o efeito oposto: elevaram o desemprego e aprofundaram a recessão.

"Este ponto de partida, hoje, é aquele pelo qual eu quero e aceito ser julgado como presidente", disse Macri a jornalistas em sua residência, nos arredores de Buenos Aires. "É óbvio que não atingiremos pobreza zero em quatro anos. Nós estabelecemos a pobreza zero como um caminho, um caminho ao qual chamo todos os argentinos a se juntarem."

Macri afirmou que já adotou outras medidas para reduzir a pobreza, incluindo um programa para construir redes de água potável e esgoto por todo o país, a redução da idade na qual as crianças entram na escola e a diminuição da inflação.

Os números são semelhantes aos indicadores privados. Um relatório da Universidade Católica apontou que a pobreza havia crescido para 32,6% em abril, contra 29% em 2015. O relatório afirmou que, embora Macri talvez precise de tempo para recuperar a economia, ele deveria atenuar a situação oferecendo programas sociais aos pobres.

O índice de pobreza era uma das estatísticas mais controversas do Indec sob o comando da ex-presidente Cristina Kirchner, cujo governo foi o primeiro da história a ser censurado pelo Fundo Monetário Internacional por divulgar dados imprecisos.

Em 2015, Cristina afirmou que o índice estava abaixo de 5%. O chefe de gabinete dela, Aníbal Fernández, defendeu o número mesmo após observadores apontarem que o nível era inferior ao da Alemanha.