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Se Merkel quiser ajudar o Deutsche Bank, são poucas as opções

Birgit Jennen

29/09/2016 14h44

(Bloomberg) -- Investidores do Deutsche Bank estão olhando para Berlim para tentar saber se a chanceler Angela Merkel adotará medidas para fortalecer o banco. As ações da instituição desabaram mais de 50 por cento neste ano.

A perspectiva de resgatar o Deutsche Bank é politicamente nociva para Merkel, que está avaliando a possibilidade de tentar um quarto mandato na eleição do ano que vem. Após especulações geradas por uma reportagem de revista, o porta-voz de Merkel afirmou que o governo “não vê motivos” para falar de financiamento estatal ao banco em um momento em que os EUA buscam aplicar uma multa de bilhões de dólares à instituição.

Isso não debelou as expectativas de resgate. Andreas Utermann, diretor de investimento da Allianz Global Investors, por exemplo, acredita que o governo alemão terá que contribuir se o Deutsche Bank “estiver realmente com problemas”.

O comandante do Deutsche Bank, John Cryan, disse ao jornal Bild que levantar capital “atualmente não é problema” e que aceitar o apoio do governo está “fora de cogitação para nós”.

Com as leis da União Europeia, defendidas por Merkel para manter os contribuintes a salvo em uma crise, ficou mais difícil para os governos dar apoio aos bancos. Para começar, a Diretiva de Recuperação e Resolução Bancária (BRRD, na sigla em inglês), pilar dos esforços da Europa para ajudar aqueles bancos grandes demais para falirem, se baseia na suposição de que a necessidade de “apoio financeiro público extraordinário” indica que uma instituição está “falindo ou tem probabilidade de falir”, o que desencadeia uma resolução.

O apoio estatal aos bancos viáveis é bastante restrito, por isso, se a chanceler quiser intervir para ajudar o Deutsche Bank, ela terá um leque reduzido de opções.

O que pensam os aliados de Merkel?

Parlamentares da base aliada disseram esperar intervenção do governo caso o Deutsche Bank esteja em risco de colapso devido à falta de capital. Nessa situação, a necessidade de algum tipo de intervenção estatal teria peso maior do que os cálculos das consequências políticas, segundo quatro parlamentares de partidos da base aliada que pediram anonimato por discutirem um cenário que o governo deseja evitar.

Alguns políticos querem que Cryan se esforce mais. Dois deles disseram que o banco precisa se reestruturar para diminuir os riscos. Outro apontou o plano de demissões do Commerzbank como possível modelo.

A Alemanha pode assumir uma participação no Deutsche Bank?

É provável que sim, contanto que os investidores privados também comprem ações e que o governo pague o preço de mercado. A BRRD define “apoio extraordinário” como uma ajuda estatal que distorce a concorrência ao favorecer uma empresa em detrimento de outras. Se a Comissão Europeia, o braço executivo da UE, concluir que as medidas do governo alemão passam neste teste de concorrência, a compra de uma participação acionária pode ser autorizada.

“Se medidas forem tomadas segundo as condições do mercado, não desencadearão a BRRD e os processos de ajuda estatal”, disse Karel Lannoo, presidente do Centro de Estudos de Políticas Europeias, em Bruxelas. “Se conseguirem isso por 10 euros a ação, ótimo. Assim podem mostrar aos mercados que os mercados estão totalmente equivocados.”