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Deutsche Bank luta por posição como banco de investimento

Aaron Kirchfeld, Jan-Henrik Förster e Donal Griffin

11/10/2016 10h35

(Bloomberg) -- Enquanto luta para manter a confiança de seus acionistas e clientes, o Deutsche Bank perde participação nas atividades de banco de investimento na Alemanha e na Europa, regiões onde seu domínio já foi inquestionável.

A instituição sediada em Frankfurt caiu da primeira para a sétima posição em assessoria de fusões e aquisições envolvendo empresas alemãs. No caso de transações envolvendo companhias europeias, o banco recuou do sexto lugar em 2015 para o nono.

Os dados foram compilados pela Bloomberg. O pior golpe veio quando o Deutsche Bank ficou de fora da maior aquisição já feita por uma companhia da Alemanha: a compra da Monsanto pela Bayer por US$ 66 bilhões.

Segundo funcionários de instituições rivais, que pediram para não serem identificados por estarem falando sobre um concorrente, alguns dos maiores bancos dos EUA estão trabalhando para conquistar participação nos mercados da Alemanha e da Europa.

A investida ocorre em um momento em que o Deutsche Bank enfrenta o aumento dos custos relacionados a reestruturação e das despesas jurídicas em meio a acusações envolvendo títulos lastreados em financiamentos imobiliários nos EUA e lavagem de dinheiro na Rússia. Paralelamente, outras fontes afirmaram que não se deve subestimar a força do banco alemão jogando em casa.

"Os bancos americanos tiraram participação da gente", disse Alasdair Warren, responsável pelas atividades de banco comercial e de investimento do Deutsche Bank na Europa, Oriente Médio e África, em entrevista à Bloomberg TV na segunda-feira. "No final do ano passado e começo deste ano, francamente, nós ficamos bastante distraídos por uma série de questões internas."

Mas com 2016 chegando ao fim, Warren afirma ter confiança de que o banco poderá recuperar terreno perdido, citando a demanda de clientes europeus e internacionais. "Acho que veremos uma retomada novamente", ele disse.

Abordagem cautelosa

Após a Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido condenar o banco por lapsos em seu processo de verificação, o Deutsche Bank está avaliando seus clientes mais de perto. Em algumas áreas, a aprovação de negócios demora até cinco vezes mais do que no passado, de acordo uma pessoa com conhecimento das práticas da instituição.

O presidente John Cryan elevou o número de países considerados de alto risco de 30 para 109, segundo informações reveladas no passado por pessoas a par da situação.

"Eles deliberadamente estão reduzindo a presença em algumas áreas de banco de investimento, o que pode explicar a queda nos rankings", disse Neil Smith, analista da Bankhaus Lampe KG, que recomenda a compra de ações do Deutsche Bank. "O noticiário dos últimos meses necessariamente não ajudou."

A queda nos rankings vai além de fusões e aquisições e chega também à venda de ações e títulos. O Deutsche Bank perdeu terreno em ofertas de ações na região que engloba Europa, Oriente Médio e África, caindo do primeiro lugar em 2014 para o sexto em 2016.

A instituição atualmente ocupa a oitava posição em empréstimos nessa região, a pior desde 2009. No caso da venda de títulos europeus, o banco está em terceiro lugar, após conquistar a liderança em cinco dos últimos seis anos.

"Conforme anunciamos há um ano, tomamos decisões estratégicas para simplificar nossos produtos, presença geográfica e base de clientes", afirmou por e-mail o porta-voz do Deutsche Bank, Don Hunter.

"Essas decisões impactaram as receitas do primeiro semestre, mas nos tornarão mais eficientes e rentáveis. Continuamos sendo globalmente o maior banco de investimento não americano."