Analista que vendeu empresa por US$ 31 volta ao topo no Japão
(Bloomberg) -- Os 3.240 ienes (US$ 31) em dinheiro enquadrados na mesa de Hideto Fujino são um lembrete constante de sua maior humilhação.
O dinheiro, que mal daria para jantar no restaurante tailandês próximo ao seu escritório, foi o pagamento entregue a Fujino na venda, em 2009, da empresa de gestão de ativos que ele construiu do zero. Como os clientes fugiram durante a crise financeira global, Fujino foi forçado a se desfazer de sua participação na Rheos Capital Works, abrir mão do cargo de presidente e voltar a ser funcionário pela primeira vez em quase seis anos.
Como o famoso xogum japonês que carregava um retrato de si mesmo após perder uma batalha importante, Fujino não quer esquecer disso nunca. "Essa é a minha adaptação", disse, em entrevista, na sede da Rheos, que tem vista para a Estação de Tóquio, no centro da capital do Japão.
Hoje, a recordação enquadrada é um dos poucos vestígios do período mais sombrio de Fujino. O principal fundo da Rheos Capital, o Hifumi, está superando 97% de seus pares, os ativos sob gestão da empresa acabam de ultrapassar a marca de 200 bilhões de ienes e Fujino recuperou os títulos de presidente e CEO. Ele comprou de volta 25% da companhia juntamente com outros diretores e funcionários da empresa em dezembro e o grupo planeja adquirir o restante mais adiante.
Lenda japonesa
Fujino, que foi bem-sucedido no Goldman Sachs Asset Management, já se destacava no Japão, um país avesso ao risco, após deixar uma carreira confortável e fracassar sozinho. Mas o caminho até a redenção do executivo de 50 anos o transformou em uma espécie de lenda do setor de gestão de patrimônio, que ainda tem dificuldades para voltar aos dias de glórias quase três décadas após o estouro da bolha das ações do país.
"Ele é um artista", disse Ken Shibusawa, presidente do conselho da Commons Asset Management e tataraneto do fundador da Bolsa de Valores de Tóquio. "Mesmo se outros tentassem fazer o que ele faz, não conseguiriam".
O fundo Hifumi subiu um total anualizado de 22% nos últimos cinco anos, superando 97% de seus pares monitorados pela Bloomberg. Acumula queda de apenas 2,5% em 2016, contra um declínio de 11% do Nikkei 225 Stock Average do Japão, e deu retorno de 231% desde sua criação, em 2008.
Enquanto a maioria dos gerentes de ações japonesas optam por companhias blue chip no Nikkei 225, Fujino se concentra em firmas de menor porte. Ele busca empresas com crescimento estável de dois dígitos dos lucros, ações com preços razoáveis e equipe de gestão alerta. E apesar de sua afinidade por aparelhos da moda (Fujino usa um Apple Watch no braço esquerdo e um monitor de aptidão física Misfit Ray no direito), as empresas de tecnologia presentes no fundo Hifumi tendem a ser aquelas de menos destaque.
"Eu gosto de companhias simples, de pouco destaque", disse Fujino, que escreveu mais de 20 livros sobre investimentos. "As famosas e mais destacadas tendem a ter preço excessivamente alto."
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