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Vitória de Trump pode representar perda econômica para Ásia

David Roman e Enda Curran

10/11/2016 14h32

(Bloomberg) -- Quando a economia da China parecia estar se estabilizando, a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA apresenta riscos novos e significativos. Não apenas para o crescimento chinês, mas para toda a região da Ásia. Isso porque o presidente eleito fez campanha com uma plataforma política cujo centro é o protecionismo.

Trump quer impor impostos punitivos aos bens chineses e qualificar a segunda maior economia do mundo como manipuladora cambial.

Essa medida prejudicaria as exportações chinesas. Mas também poderia desencadear uma guerra comercial se Pequim retaliar, colocando outras economias asiáticas em um fogo cruzado.

Outros temores: os planos para um grande pacto comercial regional, a Parceria Transpacífico, provavelmente não decolem. A desaceleração de fluxos comerciais e a crescente incerteza significam menos investimento e crescimento mais fraco. Além disso, estão os controles sobre a circulação de pessoas, o risco de repatriação do capital para os EUA e grandes preocupações com a segurança.

"Mudanças profundas nas relações comerciais e de segurança entre os EUA e a região provavelmente acontecerão, e provavelmente serão negativas", escreveram economistas do Morgan Stanley em uma nota.

Uma pesquisa realizada com investidores pela Nomura Holdings em julho identificou uma longa lista de preocupações se Trump chegasse à presidência, da possibilidade de um aumento do protecionismo comercial a ameaças à segurança regional se os EUA romperem seus compromissos militares na Ásia.

A conclusão é clara: depois do México, quem corre o maior risco é a Ásia.

No relatório da Nomura, intitulado "Trumping Asia", 77% dos participantes da pesquisa acreditam que sob o comando de Trump os EUA qualificarão a China de manipuladora cambial e 75% preveem que ele irá taxar as exportações da China, da Coreia do Sul e do Japão. Apenas 37% acreditam que ele cumprirá a promessa de construir um muro na fronteira com o México.

A Nomura não revelou quantos participantes foram consultados.

Os receios dos investidores não são injustificados. A Ásia é o centro de manufatura do mundo e muitos países dependem das exportações, o que os coloca em risco se começarem a surgir barreiras comerciais.

A China foi o maior parceiro comercial dos EUA no ano passado e se forem impostas restrições comerciais ao país, a repercussão dos efeitos no restante da Ásia será muito grande.