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Inflação na Venezuela finalmente leva à emissão de novas notas

Nathan Crooks e Noris Soto

01/12/2016 09h28

(Bloomberg) -- Após anos de alta de preços que reduziram o valor da nota de 100 bolívares a poucos centavos de dólar, as autoridades venezuelanas finalmente se preparam para emitir notas de denominação maior --para alívio dos consumidores.

As cédulas de 500 e 5.000 bolívares serão lançadas no meio de dezembro, de acordo com um representante sênior do governo que não tem autorização para falar dos planos publicamente. Notas de 1.000, 2.000, 10 mil e 20 mil bolívares entrarão em circulação no primeiro semestre do ano que vem, segundo a fonte.

A recusa das autoridades em emitir notas de maior valor forçou a população a aposentar a carteira e carregar sacos de dinheiro para transações comuns. Alguns lojistas chegam a pesar montes de notas em vez de contá-las. A inflação deve terminar o ano em 368%, de acordo com a estimativa mediana de 14 analistas que responderam a uma pesquisa da agência de notícias Bloomberg. O representante do governo espera inflação ainda maior em 2017, mas sem chegar aos quatro dígitos.

A oferta monetária cresceu 130% no último ano, de acordo com os últimos dados disponibilizados pelo banco central em Caracas e compilados pela Bloomberg. No mercado negro, onde o dólar é vendido por seis vezes mais do que a menor taxa de câmbio legal, de 662 bolívares por dólar, a moeda local se depreciou 65% só em novembro.

As novas cédulas têm design similar às atuais, mas cores diferentes, informou a pessoa.

Resorts onde só entra dólar

As reservas internacionais, atualmente na casa de US$ 10,9 bilhões, o menor nível em 14 anos, não devem diminuir muito mais, disse a autoridade, que se recusou a especificar sua atual composição.

A depreciação da moeda, a inflação galopante e a queda no poder aquisitivo dificilmente serão contidas até que mais dólares entrem na economia por meio do aumento da cotação do petróleo ou outras atividades econômicas, afirmou a fonte. A exportação de petróleo é responsável por aproximadamente 95% dos recebimentos em moeda estrangeira do país, mas o governo pretende reduzir a parcela a 40% desenvolvendo atividades de mineração, turismo e agricultura, segundo a pessoa.

O governo usará a legislação assinada na segunda-feira pelo presidente Nicolás Maduro para autorizar uso maior de dólares no segmento de turismo, disse o representante, acrescentando que as lojas duty free nos aeroportos começarão a cotar e vender produtos em dólares a estrangeiros e venezuelanos em viagem.

O governo também planeja designar e desenvolver determinadas áreas turísticas --como a península de Macanao, na ilha Margarita, e a ilha próxima de La Tortuga-- como zonas de resorts onde somente dólares serão aceitos em transações realizadas por visitantes de qualquer nacionalidade, incluindo venezuelanos, disse ele.

As áreas turísticas mais frequentadas por venezuelanos, incluindo o arquipélago de Los Roques, continuarão cotando bens e serviços em bolívares, mas dólares também serão aceitos, acrescentou.