Exilados do Vietnã comunista voltam ao país com startups
(Bloomberg) -- Nas várias tentativas de Dang Van Tran de fugir do Vietnã, aos 7 anos, ele foi baleado duas vezes, quase se afogou no mar e ficou encalhado em uma ilha.
Agora, 40 anos depois, ele está de volta ao país comunista fazendo algo que nunca poderia imaginar quando finalmente conseguiu escapar com mais 150 pessoas em um barco pesqueiro: administrar uma startup em Saigon chamada Butterfly Hub, que ajuda as empresas a tomarem decisões baseadas em dados no mundo da beleza e da moda.
Tran faz parte de uma onda de vietnamitas vindos do exterior que estão desafiando traumas pessoais e objeções familiares para investir no país onde no passado eles arriscaram tudo para escapar. Isso inclui seu pai, que perdeu tudo para os comunistas em 1975 antes de buscar uma vida nova para sua família nos EUA. Na volta, Tran encontrou um país mais apaixonado por iPhones do que por Karl Marx e com um cenário emergente de startups de tecnologia.
"Aquilo me impressionou", disse. "Então eu resolvi ficar."
O rescaldo da vitória comunista gerou um impacto devastador sobre muitos de seus cidadãos, resultando em um deslocamento massivo da população. Mais de um milhão de pessoas foram colocadas em campos de reeducação, onde muitas morreram, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Até 2010, mais de 1,5 milhão de vietnamitas haviam se instalado nos EUA e outros fugiram para a Austrália, o Canadá e a Europa.
"Para muitos, inclusive para a maior parte da minha família, essas lembranças são dolorosas e muitas vezes recordadas como se tivessem ocorrido ontem", disse Binh Tran, cofundador da empresa Klout, com sede em São Francisco, que voltou em período parcial ao Vietnã como sócio da 500 Startups, do Vale do Silício, que criou um fundo de US$ 10 milhões neste ano.
O país para onde eles voltaram apresenta um rosto muito diferente daquele do qual eles fugiram. O governo está tentando de todas as formas atrair investimentos para setores de alta tecnologia, a educação melhorou e o padrão de vida também.
Os vietnamitas exilados, conhecidos como Viet Kieu, agora são a força motriz da economia e enviaram US$ 13,2 bilhões em remessas para o país no ano passado, um aumento de 900 por cento desde 2000, segundo o Banco Mundial.
"O tempo cura velhas feridas", disse Than Trong Phuc, que fugiu de helicóptero da embaixada dos EUA e voltou como diretor da Intel para o Vietnã, participando da decisão da maior empresa de semicondutores do mundo de investir US$ 1 bilhão no Vietnã.
O governo oferece incentivos aos Viet Kieu, como vistos por até cinco anos e importação de carros usados livre de impostos. Um parque tecnológico de US$ 40 milhões apelidado de Saigon Silicon City está sendo construído na Cidade de Ho Chi Minh para atrair os Viet Kieu com incentivos fiscais e aluguéis subsidiados.
A população jovem e a crescente classe média do país são mais um atrativo. O crescimento econômico anual do Vietnã acelerou para 6,4 por cento no terceiro trimestre, contra 5,8 por cento nos três meses anteriores, informou o Escritório Geral de Estatísticas em 29 de setembro, atrás apenas do apresentado pelas Filipinas no Sudeste Asiático.
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