Em reestruturação, Renova corta dívida e se divide
(Bloomberg) -- Renova Energia, que já foi a segunda maior empresa de energia limpa do Brasil, está considerando criar uma nova unidade para ser proprietária e operadora de seus parques e atrair novos financiamentos, segundo uma pessoa envolvida no assunto. O plano é parte de uma reestruturação, que envolve desalavancagem e reorganizaçao de portfolio de projetos.
A Renova possui 2 gigawatts em usinas de geraçao eólica, solar e hidrelétrica, prontas ou em construção, e planeja transferir todas em operaçao para a nova unidade, segundo a pessoa, que pediu anonimato porque os planos não são públicos. A empresa ainda não determinou quando a unidade será criada.
A Renova tem enfrentado dificuldades para concluir seus projetos e viu sua dívida aumentar para R$ 2,77 bilhões (US$ 865 milhões) depois que a parceria com a SunEdison foi dissolvida, há mais de um ano. Isso deixou a Renova com pouco dinheiro no momento em que o Brasil enfrenta sua pior recessão em um século. Agora, a empresa está se redesenhando.
"A Renova não voltará a ser o que era", disse Helena Chung, analista da Bloomberg New Energy Finance em São Paulo. "A queda da SunEdison, a crise brasileira e o processo de aumento da alavancagem da própria empresa, nessa ordem, afundaram a Renova."
As ações da Renova caíram mais de 80 por cento nos últimos 18 meses. Em 13 de janeiro, a companhia informou que venderia o parque eólico Alto Sertão II, de 386,1 megawatts, para a empresa americana AES por R$ 650 milhões. A companhia planeja, quando o acordo estiver concluído, usar parte dos recursos para reduzir seu passivo com os credores e para acelerar a conclusão do projeto eólico Alto Sertão III, de 437 megawatts, que deverá começar a operar no segundo semestre, segundo a assessoria de imprensa da companhia.
O objetivo da Renova é reduzir a necessidade por investimentos de curto prazo, melhorando a posição de liquidez da companhia. Atualmente não há planos de separar seus ativos, segundo a assessoria de imprensa, que preferiu não confirmar outros detalhes a respeito do plano.
A Renova tem 4 gigawatts em projetos de energias renováveis em desenvolvimento que estão prontos para participar de leiloes de fornecimento de energia do governo. A empresa planeja ainda descontratar 100 megawatts em parques solares e 250 megawatts em projetos eólicos conquistados em leilões similares nos últimos anos, segundo a pessoa envolvida no processo.
Como parte do acordo para a compra de Alto Sertão II, a AES também assumirá R$ 1,2 bilhão em dívidas, a maior parte devida ao BNDES, segundo a assessoria de imprensa. A Com o negócio concluído, a Renova deve reduzir sua dívida em cerca de R$ 1,6 bilhão, segundo a pessoa. Além disso, a empresa também deverá pagar parte dos R$ 530 milhões que sua holding deve ao Banco do Brasil.
Como o plano, a Renova não pretende vender mais ativos, exceto sua participação em uma unidade da SunEdison, de 12%, segundo a fonte. E a Light SA engavetou seus planos de vender sua participação de 16% na Renova.
"A venda do parque eólico para a AES nao deve resolver todos os problemas da Renova," afirmou Thais Prandini, diretora da consultoria Thymos Energia em Sao Paulo. "Mas é uma boa maneira de retomar os negócios."
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