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Protecionismo de Trump pode ajudar emergentes, segundo fundo

Kana Nishizawa

24/01/2017 11h15

(Bloomberg) -- À primeira vista, o acesso mais restrito ao maior mercado do mundo parece prejudicial a países emergentes que dependem das exportações para desenvolver suas economias.

Uma visão alternativa: talvez este seja o melhor remédio. Resistência econômica é fruto da demanda doméstica. E as medidas protecionistas do presidente americano Donald Trump dão aos países emergentes incentivos para encarar as reformas duras e necessárias para aumentar a produtividade, os salários e o consumo interno.

"Todos os mercados emergentes, particularmente a China, são forçados a continuar trilhando o caminho das reformas estruturais, o que é muito positivo", disse Jordi Visser, diretor de investimentos do fundo de hedge Weiss Multi-Strategy Advisers, de Nova York, com US$ 1,3 bilhão em ativos. "No caso da China, haverá esforço contínuo nas reformas do lado da oferta, reforma das estatais e reforma da previdência."

O comércio mundial já vinha tropeçando nos últimos anos e nunca recuperou as taxas de expansão observadas antes da crise financeira global. Este contexto pressionou nações emergentes a executar programas politicamente desafiadores, como combate à corrupção, fortalecimento do sistema jurídico para garantir o cumprimento de leis contratuais, construção de infraestrutura e melhora dos sistemas de saúde e previdência para que as famílias tenham confiança para gastar em vez de poupar.

"Donald Trump faz com que cada país se dê conta de que precisa fazer essas coisas", disse Visser, se referindo às reformas estruturais. Ele prefere ações no índice Shenzhen Composite, que é dominado por empresas de menor porte e de tecnologia.

Três dias após assumir o cargo, Trump retirou os EUA da Parceria Transpacífico, cumprindo a promessa de sair ou reformular os acordos comerciais do país. Ele também disse a empresários que implementaria um imposto de fronteira "muito grande" sobre empresas que transferem empregos para fora dos EUA. Separadamente, alguns parlamentares propuseram um imposto de ajuste na fronteira que reorganizaria os impostos corporativos de forma mais ampla, limitando importações e impulsionando exportações.

Uma guerra comercial que atinja os mercados globais pode diminuir o apetite dos investidores por ativos mais arriscados de países emergentes. O plano fiscal de Trump e restrições às importações podem impulsionar a inflação e as expectativas de aumento de juros pelo banco central americano, fortalecendo o dólar e elevando o custo da dívida externa dos países em desenvolvimento.

Visser acredita que o otimismo em relação aos EUA esfriará nos próximos meses, alimentando ganhos em outros mercados. "Na minha visão, a melhor parte nos EUA será no primeiro trimestre e depois acho que muitos dos mercados globais irão melhor a partir dali até o fim do ano", disse ele. "A retórica sobre o relacionamento dos EUA com o resto do mundo levará a um desempenho superior de outros mercados porque o dólar deixa de ser forte devido ao quadro econômico."