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Na vacilante economia argentina o melhor é ser produtor rural

Jonathan Gilbert e Charlie Devereux

16/03/2017 17h34

(Bloomberg) -- Na Argentina atual, a melhor opção é ser produtor rural.

Graças a políticas de governo amigáveis, colheitas cada vez maiores e uma enxurrada de crédito barato, os produtores rurais do país estão prosperando. Isso está transformando o setor em uma exceção, enquanto os sindicatos pressionam o presidente Mauricio Macri com reivindicações salariais e greves, a inflação é difícil de domar e as fabricantes de veículos despedem trabalhadores.

Enquanto a economia argentina em seu conjunto continua vacilante, os produtores rurais estão se recuperando de longos anos de disputas com o governo anterior, de Cristina Kirchner. Macri eliminou ou reduziu impostos sobre as exportações agrícolas e de carne bovina quando tomou posse em dezembro de 2015 e reduziu a burocracia para os embarques, impulsionando o investimento agrícola. Esse investimento agora está começando a apertar o acelerador, estimulado por crédito que não são tão baratos para outros setores.

O Banco de la Nación Argentina, credor estatal, lançou uma linha de crédito em pesos para produtores rurais na semana passada com uma taxa anual de juros de 10,5 por cento a 11,5 por cento. Isso se compara com os 17 por cento para os créditos destinados a pequenas e médias empresas de outros setores nos sites argentinos do Banco Santander Río, BBVA Banco Francés e HSBC Bank Argentina.

"Acreditamos em Macri", disse Jorge Scoppa, presidente da Federação Argentina de Empreiteiros de Máquinas Agrícolas, com sede em Casilda, na província de Santa Fe. "Os créditos nos dão margem para comprar equipamentos. Os produtores rurais estão motivados."

Na Argentina - um país com uma inflação de dois dígitos e que ainda sofre as consequências de um calote paralisante ocorrido há cerca de 15 anos - a maioria das pessoas não toma crédito. A razão entre o crédito do setor privado e o PIB do país é de 14,7 por cento, segundo o Banco Mundial. É uma proporção extremamente baixa na comparação com os vizinhos da região: no Chile, do outro lado dos Andes, a razão é de 111 por cento. No Brasil e no Paraguai, é de cerca de 68 por cento e 58 por cento, respectivamente.

Confiança

Os produtores rurais confiam no governo Macri e contradizem a tendência nacional enquanto cresce o mercado de créditos agrícolas subsidiados pelo governo e pelas fabricantes de máquinas. A fome de crédito barato foi evidente neste mês na Expoagro, a maior feira agrícola do país.

Mais de 145.000 produtores rurais, fabricantes de máquinas, representantes de traders de grãos, membros de associações agrícolas e funcionários do governo visitaram a feira e participaram de todo tipo de atividades, de leilões de gado a coquetéis. Uma nova série ofertas de crédito impulsionou as vendas aos produtores. Cerca de 20 bilhões de pesos (US$ 1,29 bilhão) em crédito foram outorgados para a aquisição de máquinas, segundo os organizadores da feira.

Mais de 1.400 produtores rurais solicitaram crédito ao Banco de la Provincia de Buenos Aires por 3 bilhões de pesos na feira, e o Banco Macro afirmou ter emprestado 1,15 bilhão de pesos.

A agricultura "está em pleno crescimento", disse o Banco Macro por e-mail nesta semana. "E o objetivo do banco é nadar com a corrente."