Dinheiro não traz felicidade (pelo menos nos EUA)
(Bloomberg) -- Se você mora nos EUA, é provável que você se sinta pior hoje que 10 dias atrás. Não se preocupe, não é você. Trata-se de um problema nacional: a posição dos EUA na escala de felicidade está caindo.
Em relação à felicidade, os EUA ocupavam o 19º lugar entre os 34 países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico em 2016, em contraste com o 3º lugar entre 24 países em um indicador semelhante em 2007, de acordo com o Relatório Mundial da Felicidade, produzido pela Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável com financiamento da Fundação Ernesto Illy.
O dinheiro, pelo menos nos EUA, não traz felicidade, concluiu o relatório. Embora o país tenha conseguido materializar uma recuperação econômica, com aumentos na renda e queda do desemprego a pisos históricos, os americanos estão ficando menos felizes.
"O discurso político predominante nos EUA está voltado a elevar o crescimento econômico, com a recuperação do Sonho Americano e da felicidade que deveria vir com ele", escreveu Jeffrey D. Sachs, um dos editores do relatório. "Mas os dados mostram de maneira conclusiva que essa é a abordagem errada."
O relatório se baseou em uma pesquisa anual com 1.000 pessoas em mais de 150 países que lhes pede simplesmente para classificar, em uma escala de 0 a 10, se elas estão vivendo sua melhor vida possível.
Os pesquisadores então utilizam seis indicadores para tentar entender os resultados: PIB per capita, expectativa de vida, apoio de familiares ou amigos, doações caritativas, liberdade para fazer escolhas e níveis percebidos de corrupção governamental e corporativa.
Os rankings são criados usando a média de três anos de pesquisas. Os países nórdicos, é claro, foram os mais felizes. Na lista que cobriu o período de 2014 a 2016, a Noruega subiu à posição de país mais feliz do mundo, seguida pela Dinamarca e pela Islândia. Os países menos felizes foram: Síria, Tanzânia, Burundi e República Centro-Africana. Os EUA ficaram em 14º lugar na mais recente média de rankings.
Seria muito mais fácil melhorar a felicidade nos EUA por meio de mudanças sociais, segundo o relatório.
Um aumento do PIB teria um impacto muito menor sobre o nível geral de felicidade dos EUA que melhorias em outros aspectos da vida, afirmaram os pesquisadores. Por exemplo, percebe-se mais corrupção atualmente nos EUA do que em 2006 e 2007. Para compensar esse aumento, o PIB teria que subir de cerca de US$ 53.000 para US$ 62.000. Ou, para compensar o que os americanos veem como uma perda de apoio social desde 2006, o PIB teria que subir para US$ 82.000.
De forma geral, se o país se concentrasse exclusivamente nos ganhos econômicos, o PIB teria que chegar a cerca de US$ 133.000 para voltar aos níveis de felicidade registrados em 2006, estimam os autores.
"Em resumo, a crise dos EUA é uma crise social", escreveu Sachs. "Não é uma crise econômica."
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