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Após mineração e maconha, bolsa do Canadá foca na tecnologia

Kristine Owram

20/04/2017 15h50

(Bloomberg) -- Depois de se firmar como um mercado fundamental para pequenas mineradoras, para ações ligadas à maconha e para algumas empresas de Mahjong, uma pequena bolsa canadense agora quer atrair startups de tecnologia.

"Eu adoraria ver mais empresas de tecnologia", disse Richard Carleton, 57, CEO da Canadian Securities Exchange, em entrevista no escritório da Bloomberg em Toronto. "Mas um dos desafios que enfrentamos é que todos esses garotos assistem Silicon Valley, leem todos aqueles livros e pensam que o mundo do capital de risco é o modelo e que é assim que as empresas de tecnologia crescem."

A CSE ideal de Carleton seria como a Nasdaq dos anos 1970, cheia de donas de patentes das quais o mundo ainda não ouviu falar. Não será fácil: apenas duas empresas de tecnologia canadenses captaram mais de 100 milhões de dólares canadenses (US$ 74 milhões) por meio de ofertas públicas iniciais nos últimos três anos, a Shopify em 2015 e a Kinaxis em 2014.

As startups de tecnologia não desistirão facilmente da relativa segurança do capital privado -- "contatos, orientação, conhecimento e experiência" -- pelo anárquico mundo dos mercados públicos, disse Mike Woollatt, CEO da Canadian Venture Capital e da Associação de Private Equity do país.

Privado significa paciência

"Existe uma razão para o capital privado ser chamado de 'capital paciente'; há altos e baixos aos quais se pode sobreviver com o capital privado", disse Woollatt, por telefone, de Vancouver. "Dito isso, existe paciência por bastante tempo. O capital de risco tem um cronograma: esses fundos são captados para 10 anos e precisam investir na sua empresa, ampliar a escala e depois sair ou ver um grande sucesso dentro desse prazo."

A TSX Venture Exchange, de propriedade da TMX Group e a principal concorrente da CSE, também está trabalhando para conseguir mais ofertas de tecnologia.

Essas não são as ofertas que a CSE está buscando. Trata-se de uma bolsa pequena que gerencia apenas cerca de 2 por cento do valor das ações negociadas no Canadá nos últimos quatro trimestres, segundo dados regulatórios. A CSE utiliza custos menores e regras mais tolerantes para atrair empresas e se concentra principalmente em firmas jovens, particularmente nos setores de mineração e de maconha, que juntos respondem por cerca de metade das ofertas totais da bolsa.

Carleton afirmou que a oferta nos mercados públicos é rara para empresas de tecnologia em estágios iniciais nos EUA, mas que esse não precisa ser o caso do Canadá.

Serviço de encontros

"O Canadá é uma jurisdição muito amigável para o capital público e essa é uma opção genuína para essas empresas que buscam levantar capital para crescimento nos mercados públicos", disse ele. "Essa é uma história que todos nós temos que vender."

Para isso, Carleton e seus colegas da CSE visitam grupos de investidores-anjos, universidades e conferências de tecnologia por todo o país. Eles inclusive contrataram alguns "capitalistas de risco convertidos" nos EUA para ajudá-los a vender seus serviços a startups do país vizinho.

"Estamos executando um serviço de encontros para elas, para apresentá-las a assessores, contadores e advogados", disse ele.