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Facebook combate campanhas coordenadas de desinformação

Sarah Frier

28/04/2017 08h23

(Bloomberg) — Os fraudadores que espalham mentiras nas redes sociais estão ficando mais sofisticados. O Facebook avisa que vai encará-los à altura.

A empresa que controla a rede social mais utilizada do mundo mira em organizações que lançam campanhas coordenadas para direcionar a opinião pública e espalham mentiras por meio de contas falsas.

À medida que a rede do Facebook aumentou e se tornou um fórum para debates políticos, algumas organizações têm tirado vantagens maliciosas, inclusive durante as eleições nos EUA e na França. A conclusão é de um estudo divulgado na quinta-feira pelos principais executivos de segurança da companhia. O Facebook declara que tem responsabilidade de agir quando os usuários estiverem sendo manipulados por meio de uma nova categoria de ataques que recebeu o nome de "operações de informação".

"Tivemos que expandir nosso foco de segurança do comportamento abusivo tradicional, como invasão de contas, malware, spam e golpes financeiros, e incluir formas mais sutis e insidiosas de mau uso", afirmou a companhia, "incluindo tentativas de manipular o discurso civil e enganar pessoas".

Organizações que tentam dirigir a opinião pública adaptam suas técnicas à exigência do Facebook de que as pessoas usem suas verdadeiras identidades. Alguns dos malfeitores criam contas usando nomes e fotografias de gente de verdade e então enviam solicitações de amizade à rede de amigos de uma pessoa, segundo a empresa. Outros malfeitores roubam senhas e informações pessoais e assumem contas autênticas.

A companhia diz que muitas dessas contas não são totalmente automatizadas, mas coordenadas por pessoas dedicadas a operar muitas delas de uma vez. Elas sincronizam as respostas ao conteúdo, como cliques de "curtir" e outras postagens, frequentemente em vários lugares ao mesmo tempo. As reações são frequentemente repetitivas ou constituem assédio. As pessoas no comando dessas contas podem usá-las para criar grupos no Facebook nos quais podem espalhar mentiras, manipular fotos e criar memes revoltantes.

"Às vezes essas páginas incluem conteúdo legítimo e não relacionado, ostensivamente para esconder seu propósito", afirmou o Facebook.

Enquanto os malfeitores se tornam mais sofisticados, o Facebook trabalha nas ferramentas de detecção. As melhorias podem ajudar a empresa a identificar o aumento súbito no conteúdo de um grupo de contas ou se alguém posta repetidamente a mesma informação. A empresa afirma que essas ferramentas aprimoradas ajudaram a derrubar mais de 30.000 contas durante a eleição na França neste mês.

Operações de informação ocorreram também durante a eleição presidencial nos EUA, segundo o Facebook. Em alguns casos, foram usadas contas falsas para amplificar dados roubados "com o objetivo de prejudicar a reputação de agentes políticos específicos", afirmou a empresa.

"O alcance do conteúdo compartilhado por amplificadores falsos foi marginal comparado ao volume geral de conteúdo cívico compartilhado durante a eleição nos EUA", declarou a companhia.

O Facebook determina se uma conta é autêntica ou não com base em atividade, não no conteúdo postado. Enquanto combatem a divulgação de notícias falsas na plataforma, executivos também dizem que a empresa não deseja atuar como árbitro da verdade.

"Nem todo mundo tem a mesma visão que nós e alguns tentarão prejudicá-la - mas estamos em posição de ajudar construtivamente a delinear o emergente ecossistema de informação ao garantir que nossa plataforma permaneça um ambiente seguro para engajamento cívico", afirmou a empresa.