IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Boston gostaria de ter mantido Zuckerberg por perto

Brendan Coffey

25/05/2017 14h37

(Bloomberg) -- Mark Zuckerberg, um dos mais famosos desistentes da Universidade de Harvard, está voltando ao campus nesta quinta-feira para fazer um discurso de formatura e finalmente conseguir seu diploma -- embora honorário.

Enquanto o cofundador do Facebook compartilha sua sabedoria, a área de Boston também tenta aprender suas próprias lições com a saga de Zuckerberg: como fazer com que os estudantes voltados à tecnologia permaneçam.

A muito antecipada visita de Zuckerberg demonstra uma dura realidade para a região. Boston pode se chamar de Hub, ou "centro" (isto é, do universo). Mas este é um apelido meio irônico porque todos sabem que isso não é verdade -- certamente não no mundo da tecnologia.

Os jovens, como sempre, vão para o Oeste. Zuckerberg, que foi criado no condado de Westchester, no subúrbio de Nova York, deixou Harvard após dois anos de estudos, em 2004. Ele se mudou para o Vale do Silício para criar o Facebook com base no empreendimento que criou quando estudante.

Zuckerberg atualmente é a quinta pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna de US$ 64,2 bilhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index. O homem mais rico do mundo, Bill Gates, abandonou Harvard em 1975, mesmo ano em que ajudou a fundar a Microsoft. (Ele também obteve um diploma honorário de Harvard em 2007).

Harvard atrai estudantes de todo o mundo e não é tarefa fácil manter as mentes voltadas à tecnologia por perto, segundo Jeffrey Bussgang, formado em Harvard, um capitalista de risco da Flybridge Capital Partners em Boston. Ele criou um fundo semente chamado The Graduate Syndicate especificamente para investir em startups de profissionais recentemente formados em Harvard.

"Espero encontrar o próximo Zuckerberg", acrescentou Bussgang.

Polo de biotecnologia

Em 2010, Boston promoveu uma área portuária de rápido desenvolvimento -- que antes era uma vasta zona de estacionamentos -- como seu "Distrito de Inovação". Em decisão que animou os líderes empresariais, em 2016 a General Electric transferiu sua sede de Fairfield, Connecticut, para lá. Cambridge, a cidade de Harvard, na área metropolitana de Boston, é também um importante centro de biotecnologia que abriga as sedes da Genzyme e da Biogen.

Harvard, por sua parte, está celebrando o retorno de Zuckerberg, sem comentar muito sobre a saída dele para morar em Palo Alto, Califórnia, território da rival Universidade de Stanford. Infelizmente para Harvard, o significado disso é que o Facebook tem sede perto de Menlo Park, não em Cambridge.

"Zuckerberg originalmente pretendia retornar a Harvard, mas o sucesso imediato do empreendimento o levou a dedicar toda a sua energia à companhia", afirmou a universidade no comunicado que anuncia sua nomeação como orador de formatura.

Em uma aparição recente na Bloomberg Television, o presidente de Harvard, Drew Faust, chamou o retorno de Zuckerberg de "um grande momento para que todos o celebrem e para nos recordar que nós fomos inovadores de muitas maneiras e que continuaremos sendo inovadores".

Considerando a partida de Zuckerberg de Harvard, esse "nós" pode soar exagerado. Harvard, por sua vez, entende que pode ser mais atraente para os estudantes voltados à tecnologia. Harvard abriu três centros voltados a empreendedores nos últimos anos, incluindo o Innovation Lab, dedicado a estudantes empreendedores de tecnologia, claramente criado com Zuckerberg em mente.

É como disse o diretor-gerente do I-Lab, Jodi Goldstein, em entrevista em 2015 ao Quartz: "Os estudantes agora não precisam deixar a universidade."