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Robôs podem ajudar a desativar bomba-relógio demográfica

Anirban Nag

30/05/2017 09h40

(Bloomberg) -- O Japão e a Alemanha podem estar diante de uma bomba-relógio demográfica em que as populações cada vez mais velhas começam a reduzir o crescimento econômico. O positivo é que estes países também estão entre os principais candidatos às revoluções robóticas.

A ampliação da automação e o uso maior de tecnologia robótica nessas potências industriais podem ajudar a amortecer o impacto, segundo a Moody's Investors Service.

"Considerando que os robôs podem executar atividades que exigem mão de obra, eles compensarão o impacto negativo que a expansão mais lenta da força de trabalho provocaria sobre o crescimento", escreveram analistas da Moody's no relatório, neste mês.

A projeção é de que os coeficientes de dependência -- a proporção de pessoas de mais de 65 anos na população total -- deverão disparar na Alemanha e no Japão. Mas esses países têm dois fatores a favor. As exportações de produtos manufaturados na Alemanha, a maior economia da Europa, já representam mais de um terço do seu produto interno bruto; no Japão, a fatia é de 12 por cento. E ambos estão entre os primeiros a adotar robôs.

Cerca de três quartos das vendas globais totais de maquinários robóticos industriais estão concentradas em cinco países: China, Japão, Estados Unidos, Coreia do Sul e Alemanha, com a adoção concentrada nos setores automotivo e de eletrônica. Entre estes, os três países asiáticos compraram quase metade dos robôs industriais globais desde 2013, liderados pela China, segundo a Moody's.

Em um momento em que alguns políticos exageram a preocupação de que a globalização está matando o emprego doméstico, a robótica pode levar ao retorno de alguns empregos que foram terceirizados a lugares com custos menores de mão de obra. Ainda assim, o número de empregos que retornarão seria menor em comparação com os meios de subsistência perdidos anteriormente, afirma a Moody's no relatório.

Os mercados emergentes poderiam sair perdendo. Países como Hungria, República Checa e Eslováquia, onde as exportações de produtos industriais de alta tecnologia representam mais de 50 por cento do PIB -- sendo que 16 por cento a 20 por cento do total vão para a Alemanha --, podem estar em risco. Países com baixos salários, como Índia e Indonésia, também enfrentariam tempos desafiadores.

"Além disso, os processos de fabricação também podem se deslocar para outros centros de produção melhor equipados para absorver a nova tecnologia e poderão competir na oferta de produtos de alta tecnologia", afirma o relatório. "Em ambos os casos, algumas economias dos mercados emergentes poderão perder participação no mercado de exportações porque a nova tecnologia pode mudar os modos de produção e os padrões de comércio."