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Fãs da Whole Foods estão preocupados com aquisição por Amazon

Craig Giammona, Thomas Black e Claire Ballentine

20/06/2017 12h14

(Bloomberg) -- Quando alguém diz "Whole Foods", alguns imaginam um nirvana gastronômico, repleto de alimentos saudáveis que valem o preço mais caro. Outros evitam a loja por considerá-la um monumento de preços excessivos à indulgência yuppie.

Para quem ama a Whole Foods, como Shea Stevens, este é um momento preocupante. A proposta de aquisição de US$ 13,7 bilhões realizada pela Amazon.com levou Stevens, 25, moradora de Irving, Texas, EUA, a se perguntar como as credenciais gourmet da rede vão sobreviver. Após começar como uma pequena loja especializada em Austin, Texas, a Whole Foods agora está em condições de desempenhar um papel central na disputa acirrada entre a Amazon e a gigante dos supermercados com produtos com desconto Wal-Mart Stores.

"Eu simplesmente não quero que a essência da Whole Foods mude", disse Stevens.

Stevens expressa o sentimento de muitos outros fãs da rede: entusiasmo com a praticidade de receber em casa os produtos comprados na loja e receio de mudanças em uma empresa que foi pioneira no mercado de alimentos orgânicos dos EUA.

Nan Griffith, professora aposentada, faz compras em um mercado Whole Foods perto de Detroit por causa da oferta de produtos veganos, que inclui marcas de nicho que não são facilmente encontradas em outros lugares. Incubar marcas menores e locais é uma das principais características da Whole Foods há anos, e ela se pergunta se essa cultura conseguirá sobreviver sob o comando de uma potência de varejo.

"É como se a Amazon estivesse dominando o mundo", disse ela.

Preços baixos

A Amazon, assim como a Wal-Mart, é conhecida por usar uma escala enorme para oferecer preços baixos em tudo, de sapatos e camisetas a eletrônicos e livros. Os consumidores americanos estão demorando para adotar as compras de supermercado pela internet: apenas cerca de 1 por cento é feita on-line. A Amazon, que tenta há mais de uma década desvendar o segredo da entrega de alimentos frescos, quer mudar isso. E a compra da Whole Foods daria ao CEO Jeff Bezos um grupo de clientes já pronto.

A Amazon espera reduzir o número de funcionários e alterar o estoque para reduzir os preços e fazer com que a Whole Foods concorra com a Wal-Mart e outras megalojas, de acordo com uma pessoa com conhecimento dos planos da empresa para o mercado. O objetivo é acabar com a fama de que o mercado de luxo é caro demais. No entanto, os produtos premium são um dos principais aspectos que levam os consumidores à Whole Foods.

A Whole Foods, que sofreu nos últimos anos com os varejistas convencionais que invadiram seu território com produtos orgânicos a preços mais baixos, já começou a mudar. Enfrentando sua pior crise desde a abertura de capital em 1992, o CEO John Mackey está tentando reduzir despesas e baixar os preços sem perder a reputação de alto nível da rede. Mackey, que ajudou a fundar a empresa em 1980 em um modesto bairro de Austin, na mesma rua de um exterminador famoso por ter uma escultura giratória de um inseto em cima do telhado, foi muito pressionado pelos acionistas. O acordo com a Amazon foi anunciado na semana passada em meio a uma possível batalha pelo controle do conselho administrativo.

Título em inglês: For Whole Foodies, Amazon Takeover Triggers Downmarket Angst