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Projeção da Opep para 2018 mostra produção excessiva de petróleo

Grant Smith

12/07/2017 13h31

(Bloomberg) -- A primeira avaliação da Opep sobre os mercados internacionais de petróleo em 2018 mostrou que, apesar dos cortes de produção, o grupo ainda está extraindo em excesso.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) cumpriu a promessa de reduzir a oferta, mas sua produção superou a demanda no primeiro semestre do ano, segundo relatório do grupo. A produção foi de 32,6 milhões de barris por dia em junho. Em um cenário em que as petroleiras americanas lideram a aceleração da oferta rival, o total é superior também aos 32,2 milhões por dia que a Opep estima que serão necessários em 2018.

Os preços do petróleo entraram em um bear market devido ao receio de que os cortes de produção implementados pela Opep e pela Rússia desde o início do ano não sejam suficientemente profundos para eliminar o excedente global, e as produtoras de petróleo de xisto dos EUA se preparam para preencher qualquer déficit. As produtoras se reunirão no fim do mês em São Petersburgo para analisar seu progresso, mas a discussão de cortes maiores não está na agenda.

O relatório do departamento de pesquisa da Opep, que tem sede em Viena, indica que o acordo não foi longe o suficiente, o que ajuda a explicar a ausência de uma alta sustentável dos preços após os cortes. Apesar de ter cumprido o compromisso de reduzir a produção, a organização continuava fornecendo aos mercados internacionais uma oferta excedente de cerca de 700.000 barris por dia no primeiro semestre do ano, mostram os dados.

Ainda assim, o relatório também mostrou evidências de que os cortes estão surtindo algum efeito. As reservas de petróleo dos países desenvolvidos caíram em maio, reduzindo seu excedente durante a média de cinco anos para 234 milhões de barris. Ao manter a produção nos níveis de junho, a organização reduziria o excedente global em cerca de 70 milhões de barris no segundo semestre, abaixo da meta do grupo de eliminar todo o excedente, segundo cálculos da Bloomberg baseados nos dados da Opep.

Cortes maiores

A organização e seus parceiros decidiram insistir com os cortes até o fim de março, mas os números do relatório sugerem que precisariam de reduções maiores para equilibrar o mercado em 2018. Se a produção atual for mantida, a Opep enviará aos mercados internacionais um excedente de 900.000 barris por dia no primeiro trimestre do ano que vem.

O crescimento do consumo global de petróleo será estável no ano que vem, de 1,26 milhão de barris por dia, ou 1,3 por cento. No entanto, o aumento da oferta de fora da Opep vai acelerar, para 1,1 milhão de barris por dia, ou cerca de 2 por cento, sendo que a maior parte dessa expansão virá dos EUA.

A perspectiva da Opep é mais pessimista que a da Agência Internacional de Energia (AIE), instituição com sede em Paris que assessora a maior parte das grandes economias do mundo. No mês passado, a AIE previu que o crescimento da demanda global por petróleo aumentará no ano que vem para 1,4 milhão de barris por dia, permitindo que a Opep desfaça parte dos cortes realizados e ainda assim mantenha o equilíbrio dos mercados.

--Com a colaboração de Inci Ozbek

Versão em português: Patricia Xavier em Sao Paulo, pbernardino1@bloomberg.net.

Repórter da matéria original: Grant Smith em London, gsmith52@bloomberg.net.