Commodity com maior procura da China pode esfriar em breve
(Bloomberg) -- O momento é bom para a gigantesca indústria siderúrgica da China. Os preços dos produtos estão atingindo os maiores patamares em vários anos, os lucros estão em alta e os especuladores reivindicam posições recorde nos mercados futuros do país que produz metade da oferta global. Mas tudo pode acabar em breve.
Embora a demanda na maior economia da Ásia continue forte, "com o esfriamento do mercado imobiliário e a desaceleração do crescimento dos investimentos, os preços do aço começarão a cair", disse Xu Ke, analista da Huatai Futures, por telefone, de Xangai. "Vimos muitas vezes no passado que, quando os preços caem, podem cair muito rapidamente."
Os preços caíram na sexta-feira. Os futuros dos vergalhões de aço recuaram 2,9 por cento, para 3.551 yuans (US$ 523) a tonelada na Bolsa de Futuros de Xangai. A queda derrubou o contrato mais ativo em relação ao maior fechamento desde 2013 na quinta-feira, quando o interesse aberto era recorde, e conteve o quinto avanço semanal, que marca a melhor sequência do ano. Os futuros das bobinas de aço também caíram.
A indústria siderúrgica da chamada velha economia da China está se expandindo, mesmo com a tentativa do governo central de controlar seus elementos mais indisciplinados e de combater o excesso de capacidade. Os fechamentos de fornos de indução ordenados pelo Estado provocaram a escassez de vergalhões de aço, um produto básico usado na construção. A decisão elevou os preços e atraiu interesse especulativo. Ainda assim, com o crescimento menor observado neste semestre e a expectativa de que outras usinas ampliem sua produção, o rali pode estar prestes a ser interrompido.
'Mais pessimista'
"Há fatores fundamentais que sustentam o aumento do preço", disse Xu, citando a oferta mais restrita após os esforços do governo para reduzir a capacidade siderúrgica. Ele acrescentou: "Eu geralmente sou mais pessimista em relação ao segundo semestre do que a maioria."
Há muitos indicativos de que o mercado imobiliário da China pode esfriar, em parte devido aos limites impostos pelo governo para conter o entusiasmo dos compradores e evitar uma bolha. O hedge fund Academia Capital, focado em commodities e mercados emergentes, afirmou em junho que a demanda do setor imobiliário pelo aço provavelmente perderá força no segundo semestre, e ainda mais em 2018, devido às medidas restritivas e ao ritmo menor de vendas.
Por enquanto, as usinas estão exibindo números impressionantes para o segundo trimestre após o aumento da rentabilidade. A Angang Steel, unidade de capital aberto da quarta maior siderúrgica da China em produção, afirmou na quinta-feira que projeta um lucro líquido de 1,82 bilhão de yuans para o primeiro semestre, contra 300 milhões de yuans no mesmo período do ano passado. Na segunda-feira, a Hesteel, a unidade de capital aberto da segunda maior produtora da China, afirmou que o lucro do primeiro semestre poderia triplicar.
O rali do aço e os níveis robustos de rentabilidade das usinas ajudaram a impulsionar a demanda por importações de minério de ferro, e também os preços da matéria-prima no país que é o maior usuário. Nesta semana, a China informou que exportou 539 milhões de toneladas de minério no primeiro semestre, 9,3 por cento a mais que em 2016. Os preços de referência estão novamente em bull market e a última cotação registrada é de US$ 65,91 a tonelada seca, segundo a Metal Bulletin Ltd.
--Com a colaboração de Alfred Cang
Versão em português: Patricia Xavier em Sao Paulo, pbernardino1@bloomberg.net.
To contact Bloomberg News staff for this story: Martin Ritchie em Xangai, mritchie14@bloomberg.net, Jasmine Ng em Cingapura, jng299@bloomberg.net.
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