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Alta de taxas do Fed não afeta contas bancárias dos EUA

Ben Steverman

18/07/2017 13h25

(Bloomberg) -- Nove anos depois que uma crise financeira global fez com que as taxas de juros caíssem muito nos EUA, elas finalmente estão voltando a subir. O Federal Reserve, o banco central dos EUA, começou a elevar a taxa em dezembro de 2015, e o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), dirigido pela presidente Janet Yellen, decidiu em votação aumentar as taxas mais três vezes, uma delas no mês passado.

No entanto, as taxas mais altas para o Fed não elevam automaticamente as taxas para os consumidores. O Fed controla diretamente os juros que os bancos cobram uns aos outros pelos depósitos overnight, mas só influi indiretamente em outras taxas de juros fixadas pelos bancos e pelo mercado de títulos.

Portanto, 20 meses depois do primeiro aumento de taxas do Fed, os poupadores continuam esperando que suas economias rendam mais, segundo dados fornecidos pela Bankrate.com. A maioria das taxas de juros para mutuários - por hipotecas, créditos para comprar carros, dívidas de cartões de crédito - aumentou, mas as de alguns produtos mal se mexeram. Comparando preços, poupadores e devedores podem fazer negócios muito melhores.

Taxas baixas

Mesmo na atual época de inflação baixa, o dinheiro no banco está perdendo poder aquisitivo. O problema é exacerbado pelas taxas baixas que os bancos estão pagando pelos depósitos. Segundo a Bankrate.com, a média de taxas para uma conta no mercado monetário dos EUA passou de um microscópico 0,1 por cento há 20 meses a um minúsculo 0,12 por cento hoje. Já os preços aumentaram 13 vezes mais rápido.

A maioria dos bancos tem pouco incentivo para elevar as taxas de cadernetas de poupança ou certificados de depósito porque as instituições já têm muito dinheiro dos clientes. Alguns dos maiores bancos são os que menos pagam aos clientes. Os juros da poupança básica do JPMorgan Chase, do Bank of America e do Citibank começam em 0,01 por cento e geralmente não passam de 0,08 por cento nem para clientes com milhões de dólares no banco.

"Os maiores atores não precisam disputar os depósitos", disse Greg McBride, diretor de análise financeira da Bankrate. "Eles têm agências em todas as esquinas."

Oportunidades

Para o bem ou para o mal, Yellen e companhia podem provocar um impacto mais direto em quem tem dívidas com cartões de crédito. A maioria dos juros dos cartões segue automaticamente a taxa básica, um número fixado pelos bancos que acompanha de perto a taxa para fundos do Fed.

No dia 30 de junho, a maior união creditícia dos EUA reduziu em dois pontos percentuais a taxa de seu cartão de crédito básico. A taxa para o cartão Platinum da Navy Federal Credit Union caiu para um valor anual de 6,74 por cento. Ao contrário do que se esperaria, esse corte foi estimulado pelo aumento dos juros feito por Yellen. "Vimos isso como uma oportunidade para nos distinguir [e nos destacar] de colegas e concorrentes", disse Matt Freeman, diretor de produtos de cartão de crédito da união creditícia, que atende a veteranos de guerra e funcionários do Departamento de Defesa dos EUA.