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Você não precisa virar vegano para obter benefícios de saúde

Deena Shanker

19/07/2017 11h44

(Bloomberg) -- Tirar a carne e os lácteos da dieta é difícil. Manter-se saudável fazendo isso pode ser ainda mais difícil.

O tipo de dieta errada baseada exclusivamente em vegetais, com muitos grãos refinados e bebidas açucaradas, pode aumentar o risco de doença cardíaca coronária, de acordo com um novo estudo da Universidade de Harvard. Por outro lado, reduzir o consumo de produtos de origem animal e ao mesmo tempo aumentar o consumo de frutas, vegetais e grãos integrais, e continuar consumindo moderadamente alimentos de origem animal, pode fazer quase tão bem quanto uma dieta vegana saudável -- e muito mais do que uma dieta vegana com muitas batatas fritas e massas.

"Tanto os alimentos vegetais menos saudáveis quanto os alimentos de origem animal foram associados a um risco maior e essa associação é potencialmente mais forte para os alimentos vegetais menos saudáveis", de acordo com o estudo, publicado no Journal of the American College of Cardiology.

Muita gente já escutou que dietas com muitos alimentos saudáveis de origem vegetal podem ter grandes benefícios, inclusive reduzir significativamente o risco de doença cardíaca coronária. Mas virar vegano pode gerar problemas se você se exceder em alimentos ruins. Ou se tentar encontrar algo para comer em um aeroporto.

Então, o veganismo por si só pode não ajudar e pode ser prejudicial para você.

O estudo, que os autores dizem ser "uma das maiores investigações prospectivas de índices de dieta baseados em vegetais e incidência de doença cardíaca coronária do mundo", analisou dados de duas edições do Nurses' Health Study e de uma do Health Professionals Follow-Up Study. Cada uma envolveu dezenas de milhares de adultos que monitoraram estilo de vida, comportamentos de saúde e históricos médicos por meio de questionários preenchidos a cada dois anos. Isso deu aos pesquisadores, da Universidade de Saúde Pública T.H. Chan de Harvard, mais de 4,8 milhões de pessoas-ano de dados de acompanhamento para análise.

Com esses dados, os autores criaram três índices de dieta. Um foi um índice geral de dieta à base de vegetais, em que os alimentos de origem vegetal receberam pontos positivos e os alimentos de origem animal receberam pontos negativos. Outro foi um índice de dieta saudável à base de vegetais, que atribuiu pontos positivos a grãos integrais, frutas, verduras, nozes, legumes, óleos, chá e café, e pontos negativos a sucos e bebidas açucaradas, grãos refinados, batatas, batatas fritas e doces. Por último, um índice de dieta pouco saudável à base de vegetais, com pontos positivos para os alimentos não saudáveis de origem vegetal e pontos negativos para os alimentos saudáveis de origem vegetal e animal.

Os pesquisadores concluíram que as pessoas com maior adesão ao índice geral de dieta à base de vegetais tinham uma associação inversa com a doença cardíaca coronária e que essa relação aumentava ainda mais para o índice de dieta saudável à base de vegetais. O índice de dieta não saudável à base de vegetais teve uma associação positiva com a doença cardíaca coronária. Os resultados seguem-se aos de um estudo anterior em que os mesmos pesquisadores analisaram a relação entre dietas à base de vegetais e diabetes tipo 2.

"Quando examinamos uma dieta que enfatizava alimentos saudáveis tanto de origem vegetal quanto animal, a associação com a doença cardíaca coronária foi apenas um pouco mais tênue que a do índice de dieta saudável à base de vegetais", escreveram os autores. "Assim, ... reduções moderadas nos alimentos de origem animal... podem ser obtidas em grande parte reduzindo o consumo de alimentos de origem animal menos saudáveis, como carnes vermelhas e processadas."