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Pessimismo em mercados de ações e crédito dos EUA chega em 2018

Adam Haigh, Natasha Doff, Dani Burger e Julie Verhage

25/07/2017 11h24

(Bloomberg) -- O segundo período mais longo de valorização das ações nos EUA vai terminar no final de 2018, quando o mercado de crédito do país também entrará no primeiro período de pessimismo desde a crise global. Esta é a conclusão de uma pesquisa da Bloomberg com gestores de fundos e estrategistas.

A sondagem, feita junto a 30 profissionais de finanças em quatro continentes, mostrou falta de consenso em relação ao ativo considerado mais vulnerável no momento. As respostas variaram dos títulos de alto rendimento de emissores europeus a dívidas de mercados emergentes denominadas em moeda local, mas o universo da renda fixa predominou. Entre as 25 pessoas que responderam quando virá a próxima recessão nos EUA, a resposta mediana foi o primeiro semestre de 2019.

O suposto fim de um ótimo ciclo para os mercados financeiros aconteceria no mesmo momento em que se prevê a aceleração do processo de redução do balanço patrimonial do banco central americano (Federal Reserve). Em meados de 2018, o processo do Fed poderá estar adiantado e o Banco Central Europeu poderá ter seguido os passos do Banco do Japão na diminuição da compra de ativos.

Nenhum participante prevê um colapso como o ocorrido em 2007-2009, mas situações de piora econômica mais discreta já causaram grandes estragos no passado. O pessimismo nas bolsas americanas em 2002 destruiu mais de US$ 7 trilhões em valor de mercado.

"As consequências podem ser muito dolorosas", disse Remi Olu-Pitan, gestora de um fundo multiativos da Schroder Investment Management, em Londres. "Tivemos um mercado otimista alimentado pela liquidez. Se isso é retirado, há um ponto de pressão."

A postura dos bancos centrais foi a base do raciocínio da maioria dos participantes da pesquisa. Após os esforços sem precedentes ? e por vezes coordenados ? das autoridades para sanar os sistemas financeiros e a economia global na última década, muitos acham que o principal risco seria uma reversão desorganizada dessas medidas. Essa preocupação foi validada nas últimas semanas pelos comentários vacilantes de autoridades da União Europeia e do Reino Unido em discussões sobre aperto monetário.

A China foi ausência notável na lista de grandes preocupações. Apenas um investidor citou o perigo de problemas no sistema financeiro do país. Atul Lele, diretor de investimentos da Deltec International Group, sediada em Nassau, nas Bahamas, disse que, em seu entendimento, esse risco é seguido de perto pela chance de aperto monetário excessivo nos EUA.

Indagados sobre quando ocorreria uma queda de mais de 20 por cento no S&P 500, a resposta mediana entre 21 foi o quarto trimestre de 2018. Dois participantes esperam que isso aconteça no último trimestre deste ano.

Na pergunta sobre quando chegaria o pessimismo no mercado de crédito - por definição, um salto de 1 ponto percentual no spread entre os rendimentos dos títulos corporativos dos EUA com grau de investimento e de títulos públicos comparáveis --, a resposta mediana foi o terceiro trimestre de 2018.

Seguem abaixo outras conclusões da pesquisa, conduzida entre 14 e 21 de julho.

* Os títulos de dívida são a classe de ativo que mais preocupa os investidores atualmente, mas somente uma minoria pretende diminuir as aplicações em renda fixa.

* Alguns citaram o risco de a inflação finalmente ganhar fôlego, em vista da pouca ociosidade do mercado de trabalho em muitas economias importantes.

* Observou-se uma preferência por ativos fora dos EUA, especialmente ações, diante do avanço das bolsas americanas e do estágio inicial de recuperação econômica na Europa.

* O Fed pode retirar os estímulos rápido demais, prejudicando a recuperação da economia e o crescimento dos lucros das empresas.

--Com a colaboração de Cindy Wang Abhishek Vishnoi Ravil Shirodkar Eric Lam Narae Kim Kimberley Painter e Garfield Reynolds