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Redução do balanço do Fed depende do teto da dívida dos EUA

Richard Miller

27/07/2017 13h20

(Bloomberg) -- O banco central dos EUA sinalizou na quarta-feira que pretende iniciar em setembro a tão aguardada redução do balanço patrimonial de US$ 4,5 trilhões, embora a decisão final sobre a largada não dependa totalmente da instituição.

Um prazo para elevar o teto da dívida do governo americano pode complicar os planos do Federal Reserve se houver turbulência nos mercados financeiros, especialmente no de títulos do Tesouro.

"Setembro é o desfecho mais provável" para o lançamento do processo de enxugamento do balanço patrimonial, disse Lou Crandall, economista-chefe da Wrightson ICAP em Jersey City, Nova Jersey. "Mas não posso descartar a ideia de novembro se a questão do teto da dívida parecer muito tumultuada."

O governo do presidente Donald Trump informou que tem liberdade para continuar financiando as contas públicas até setembro, mas depois disso precisa que o Congresso autorize o aumento do limite da dívida para evitar um calote. O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, insistiu no tema em depoimento na quarta-feira ao comitê do Senado responsável por gastos discricionários.

Argumentando que a ameaça de calote já cria incerteza entre os investidores, Mnuchin insistiu que os parlamentares subam o teto da dívida antes do recesso de verão.

Ele disse isso horas antes de a presidente do Fed, Janet Yellen, e seus colegas afirmarem a intenção de prosseguir com a redução do balanço patrimonial "relativamente logo, contanto que a economia evolua amplamente como o previsto".

A afirmação foi interpretada como sinal de que, na reunião do Fed dos dias 19 e 20 de setembro, sairá o anúncio de que o processo começará provavelmente em outubro.

Também pesaram os comentários de Trump sobre quem ele pretende nomear à presidência do Fed quando terminar o mandato de Yellen, em fevereiro.

Ele declarou ao Wall Street Journal na terça-feira que Yellen "está concorrendo totalmente" a um novo mandato, acrescentando que tem respeito por ela e admira sua personalidade. "Eu gostaria que os juros permanecessem baixos. Ela historicamente é uma pessoa dos juros baixos", ele afirmou, segundo o jornal. O assessor sênior de economia da Casa Branca, Gary Cohn, também é forte candidato ao posto, disse o presidente durante a entrevista.

Juros mantidos

O Fed manteve a taxa básica de juros inalterada na quarta-feira, após três acréscimos nos últimos três trimestres. Nas projeções divulgadas em junho, as autoridades sinalizaram mais um aumento em 2017 e três em 2018. Essas projeções serão atualizadas na reunião de setembro.

Yellen disse a parlamentares neste mês que o Fed continuava no caminho de elevar os juros gradualmente e essa intenção foi reafirmada no comunicado da decisão de política monetária da quarta-feira. Porém, ela alertou que esse plano depende da continuidade da confiança de que o Fed eventualmente atingirá a meta de inflação de 2 por cento.

Após superar brevemente este nível em fevereiro, a métrica de inflação favorita do Fed voltou a recuar e ficou em 1,4 por cento nos 12 meses até maio.

O comunicado de política monetária reconheceu a queda da inflação, mas afirmou que a instituição ainda espera estabilização ao redor da meta de 2 por cento no médio prazo.

"Não vemos significativa perda de confiança por parte do comitê de política monetária de que a inflação voltará à meta com o tempo", escreveu Michael Feroli, economista-chefe para os EUA do JPMorgan Chase, em relatório a clientes.

--Com a colaboração de Christopher Condon Craig Torres e Jeanna Smialek