Combate à corrupção deixa economia da Guatemala no marasmo
(Bloomberg) -- O combate à corrupção nem sempre é bom para as empresas, especialmente quando ela é tão grande como era na Guatemala.
No país centro-americano, a luta contra a corrupção paralisou um terço dos projetos rodoviários deste ano e fez com que outros projetos fossem adiados, como a construção de novos hospitais, depois de ter colocado um ex-presidente, uma ex-vice-presidente e um ex-presidente do banco central atrás das grades. A situação ficou tão ruim que as empresas estão com medo de licitar em contratos do governo.
"As ofertas continuam caindo", disse o presidente Jimmy Morales no mês passado. "As empresas nem querem dar lances, não querem trabalhar com o governo."
As medidas repressivas prejudicaram os esforços do governo para impulsionar o crescimento atualizando estradas e aeroportos, e a economia do empobrecido país se expandiu no ritmo mais lento em cinco anos no segundo trimestre. Planos de expandir rodovias nas principais rotas comerciais do país, que conectam a Guatemala com o México e El Salvador, estão parados enquanto o governo busca novas empreiteiras, porque as empresas estão com medo de se envolver em investigações criminais.
Na semana passada, o governo anunciou que liquidaria um contrato de expansão rodoviária de US$ 384 milhões atribuído à construtora brasileira Odebrecht devido aos receios de suborno. O ministro da Infraestrutura, Aldo García, disse em entrevista concedida em 3 de agosto ao El Periódico que pelo menos 23 dos 70 projetos de infraestrutura que o Ministério planejava construir neste ano estão parados porque as empresas contratadas para construí-los foram acusadas de corrupção.
Além da Odebrecht
A corrupção vai além do esquema regional de propinas operado pela Odebrecht, que paralisou o investimento em projetos do Peru à República Dominicana. Aumentaram as denúncias criminais de corrupção na Procuradoria-Geral da Guatemala, de acordo com o ministro das Finanças, Julio Héctor Estrada.
Em 14 de julho, as autoridades emitiram mandados para a prisão de um ex-ministro da Infraestrutura, acusado de aceitar subornos, e de um ex-embaixador dos EUA por sua suposta participação no financiamento ilegal de campanha. Três dias depois, o governo declarou estado de calamidade de 30 dias, suspendendo alguns regulamentos de licitação na tentativa de reanimar alguns dos projetos paralisados. O crescimento econômico desacelerou para 3,1 por cento em 2016, o ritmo mais lento desde 2012.
"Quando se tem um sistema corrupto, esse sistema corrupto afasta a maneira mais normal de fazer negócios", afirmou o especialista do Banco Interamericano de Desenvolvimento Roberto de Michele. "Levará algum tempo para que as pessoas recuperem a confiança na legalidade do processo."
Estrada disse que espera que a confiança seja recuperada já em 2018.
O Ministério das Finanças apresentou um orçamento preliminar para o próximo ano que propõe um aumento de 10 bilhões de quetzais (US$ 1,4 bilhão) nos gastos, para 87 bilhões de quetzais. A carga da dívida e o déficit, que ficarão abaixo das previsões neste ano, vão aumentar no próximo ano porque o governo tentará reanimar projetos que estão parados, disse Estrada.
"Não podemos simplesmente parar de fazer o que não conseguimos construir neste ano", disse Estrada em uma entrevista coletiva à imprensa na terça-feira. "Nós teremos que fazer o dobro no ano que vem."
Para entrar em contato com o repórter: Michael McDonald em Boston, mmcdonald10@bloomberg.net.
Para entrar em contato com a editoria responsável: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net.
©2017 Bloomberg L.P.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.