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Traders erram projeções para mercado de energia durante eclipse

Naureen S. Malik

23/08/2017 10h16

(Bloomberg) -- As operadoras de rede e os traders pensavam que estavam totalmente preparados para o histórico eclipse solar nos EUA. Houve apenas um item que eles não levaram muito em conta: "padrões irregulares de comportamento humano".

Essa é a definição técnica das pessoas que gerenciam a rede de eletricidade na Southwest Power Pool para a conduta de milhões de americanos que saíram de suas casas para ver a Lua esconder o Sol em vez de usarem o ar-condicionado de casa e do escritório no máximo. A demanda, é claro, tende a subir quando se chega ao período mais quente de um dia de verão. Mas na segunda-feira ela desenvolveu um estranho mergulho em forma de U durante um período de duas horas em todo o país.

O resultado foi decepcionante para os traders, que apostavam que os preços subiriam quando toda uma carga de megawatts de energia solar desaparecesse. "O evento representou uma baixa do ponto de vista do trading porque as pessoas estavam mais ocupadas vendo o eclipse e falando sobre o eclipse", disse Tom Hahn, vice-presidente de derivativos de energia dos EUA na corretora ICAP Energy em Durham, Carolina do Norte.

A eletricidade à vista na Califórnia atingiu níveis negativos quando o eclipse eliminou e reiniciou milhares de megawatts de energia solar e também caiu do Texas a Nova York. Apesar de a demanda por gás natural ter atingido o maior patamar em um mês na segunda-feira, os preços à vista em diversos polos caíram em relação à referência dos EUA.

A interrupção da geração por meio de recursos renováveis, combustíveis fósseis ou nuclear pode fazer os preços dispararem centenas de dólares em poucos minutos. Mas as operadoras da rede, distribuidoras e geradoras de eletricidade vinham se planejando há meses para compensar as grandes oscilações de oferta. Adicione o inoportuno fator humano e... ops!

"O eclipse definitivamente foi uma distração para o mercado", disse Hahn.

A eletricidade à vista no polo NP15 da Califórnia do Norte custou em média US$ 21,50 o megawatt-hora entre as 10h e as 11h, menos da metade do preço da oferta garantido antecipadamente para essa hora no mercado do dia anterior, segundo dados de rede compilados pela Bloomberg. Depois, às 11h50 pelo horário local -- quando o Sol começou a reaparecer por trás da Lua --, o aumento da energia solar fez os preços atingirem a mínima de US$ 15,97 negativos.

Apesar de esse ter sido o caso mais drástico de recuo dos preços da energia, houve quedas notáveis em outros lugares. Na Carolina do Norte, no Texas e em Nova Jersey as nuvens já haviam reduzido a produção de energia solar antes do eclipse, limitando a magnitude da perda. A sombra da Lua também reduziu um pouco as temperaturas. E além disso muita gente se divertiu com o fenômeno no trabalho e na escola.

Para a Southwest Power Pool, que gerencia uma rede que se estende de Dakota do Norte a Louisiana, o uso de eletricidade ficou 2.500 megawatts abaixo da projeção. A queda também foi "muito evidente" na Nova Inglaterra, em Nova York e na rede próxima de 13 estados gerenciada pela PJM Interconnection, disse Tom DiCapua, diretor-gerente da Con Edison Energy em Valhalla, Nova York. A empresa, que administra a maior rede dos EUA, com 65 milhões de pessoas, viu a demanda cair em 5.000 megawatts, ou 3,8 por cento, durante o evento.