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Nissan mira Tesla e pretende duplicar vendas do elétrico Leaf

Ma Jie, Masatsugu Horie e John Lippert

06/09/2017 15h05

(Bloomberg) -- A Nissan Motor planeja mais que duplicar as vendas anuais do Leaf com um novo modelo capaz de estacionar sozinho e que oferece uma autonomia de bateria maior. A empresa pretende se defender da chegada da Tesla ao mercado de veículos elétricos acessíveis.

Os novos recursos deverão aumentar o apelo do Leaf, disse Daniele Schillaci, vice-presidente-executivo global de vendas e marketing. A Nissan revelou o carro na quarta-feira com um design mais convencional para atrair um público maior, e não apenas seus primeiros adeptos.

A fabricante de automóveis com sede em Yokohama vendeu 49.000 unidades do Leaf em 2016, número inferior ao do Tesla Model S. O veículo redesenhado, que estará à venda no Japão a partir de outubro e na Europa e nos EUA em janeiro, tem uma oportunidade para ganhar impulso antes de a Tesla acelerar a produção de seu carro popular Model 3 e de outras fabricantes chegarem ao mercado com uma série de novos veículos elétricos, nos próximos anos.

"Todas essas concorrentes que estão chegando ao mundo dos veículos elétricos são mais do que bem-vindas", disse Hiroto Saikawa, CEO da Nissan, em entrevista, na quarta-feira, em Tóquio. "Isto é o que vínhamos esperando. Caso contrário, o veículo elétrico não seria uma tendência importante na indústria automotiva."

Recursos como a capacidade de estacionar por conta própria e a autonomia de bateria maior deverão ajudar a impulsionar as vendas do novo modelo, que passou pela primeira reformulação desde seu lançamento, há sete anos. A fabricante de veículos vendeu cerca de 2.000 unidades menos que o Tesla Model S em 2016, segundo dados compilados pela Bloomberg New Energy Finance.

A Nissan vendeu quase 300.000 unidades da primeira geração do Leaf, o que faz dele o carro elétrico mais vendido do mundo em uma base cumulativa. A Tesla afirma que mais de 450.000 pessoas enviaram depósitos para o novo Model 3.

Está levando mais tempo do que a empresa pensava inicialmente para que os veículos elétricos respondam por uma parcela importante das vendas de veículos nos EUA, disse José Muñoz, presidente da Nissan North America, em entrevista à Bloomberg Television. Podem ser necessários 10 a 15 anos para que haja um crescimento significativo do segmento, disse ele.

No Japão, o novo Leaf será vendido a um preço inicial de 3,15 milhões de ienes (US$ 29.000), segundo comunicado desta quarta-feira. Os compradores da parte continental da China terão que esperar até 2018 ou 2019. O Tesla Model 3 é vendido a partir de US$ 35.000 antes de recursos extras ou incentivos, enquanto o Chevrolet Bolt custa em torno de US$ 37.000, ambos os carros com maior autonomia de bateria do que os 240 quilômetros do modelo básico do novo Leaf.

"O novo Nissan Leaf continuará oferecendo uma das formas mais baratas e práticas de se ter um carro elétrico puro", disse Ed Hellwig, editor sênior da empresa de pesquisa de compra de carros Edmunds. "Provavelmente não oferecerá tanta autonomia de bateria quanto o Chevrolet Bolt, mas se o Leaf oferecer pelo menos um modesto aumento em relação à sua autonomia atual, já será suficiente chamar a atenção da maior parte dos compradores de veículos elétricos da massa."

--Com a colaboração de Kevin Buckland e David Westin