Análise: Vendas do novo iPhone dependem de quem já tem um iPhone
(Bloomberg) -- Depois de mais de um ano de discussão, estamos finalmente na porta do evento de produto mais importante da Apple em vários anos. Mas existe uma questão fundamental que nem mesmo os fãs incondicionais da Apple podem responder com confiança: quantos dos atuais usuários de iPhone vão comprar os modelos mais recentes?
Este será o número mais importante para observar, porque a grande maioria das unidades novas de iPhone ? cerca de 81 por cento do total global deste ano, de acordo com Toni Sacconaghi, analista de ações da Bernstein ? são vendidas a pessoas que já têm um iPhone. Elaborando algumas hipóteses sobre a porcentagem de usuários de iPhone que poderiam comprar os novos modelos, as vendas de iPhone poderiam aumentar entre apenas 11 por cento e até 45 por cento no ano fiscal da Apple que termina no próximo setembro, de acordo com uma análise da Bloomberg Gadfly.
Uma diferença de alguns pontos percentuais nas compras realizadas por atuais proprietários de iPhone pode ser a diferença entre a Apple estourar o champanhe em 2018 ou se contentar com cerveja choca.
A taxa de compras dos proprietários atuais de iPhone é difícil de prever por pelo menos dois grandes motivos. Primeiro: o iPhone mais exclusivo dos novos modelos provavelmente custará mais de US$ 1.000, o que será um teste do quanto as pessoas estão dispostas a gastar em um supercomputador de bolso. Segundo: particularmente nos EUA e em outros mercados de tecnologia maduros, as pessoas estão conservando o telefone que têm por mais tempo do que alguns anos atrás.
Fiz uns cálculos aproximados: Sacconaghi estima que cerca de 773 milhões de unidades de iPhone terão dono no mundo até o final do ano fiscal atual da Apple, que termina neste mês. Se 25,5 por cento desses usuários comprarem um iPhone novo no próximo ano, a Apple poderia vender cerca de 239,5 milhões de telefones no ano fiscal de 2018. Esse valor se baseia na realidade atual; a BTIG Research estima que 25,5 por cento dos clientes das empresas de telefonia dos EUA vão comprar um novo modelo de telefone neste ano.
Com base na análise da Gadfly, essa taxa resultaria em um aumento relativamente decepcionante, de 11 por cento, nas vendas de iPhone (a média de estimativas de Wall Street supõe que a Apple registrará um aumento de 14 por cento nas vendas do iPhone no ano fiscal de 2018 em comparação com o ano fiscal atual). Na última vez em que a Apple mudou seus produtos de forma tão drástica ? a estreia, no quarto trimestre de 2014, dos primeiros modelos de iPhone com tela grande ?, as vendas do aparelho subiram 37 por cento no primeiro ano fiscal cheio após o lançamento.
A outra extremidade da faixa pressupõe que a Apple conseguiria repetir esse sucesso. No primeiro ano cheio de vendas para a linha iPhone 6, de 2014, os executivos da Apple revelaram que uns "30 e poucos" por cento dos proprietários de iPhone existentes optaram pelos modelos mais recentes. Se dermos margem de manobra para a Apple e usarmos 35 por cento como a taxa de atualização, a empresa poderia vender 312,9 milhões de unidades de iPhone no ano fiscal de 2018, ou 45 por cento a mais que neste ano.
Pouca gente espera que a taxa de atualização volte aos níveis atingidos naqueles anos dourados. Segundo dados do Nomura Instinet, a tendência é clara: a porcentagem atual de clientes de telefonia móvel dos EUA que compra novos telefones em um período de três meses é menor do que em 2014 ou 2015.
Essa tendência não é boa para a Apple. A empresa vende para o mundo, é claro, não apenas para os americanos. Mas os EUA continuam sendo um mercado importante para smartphones, e existem tendências similares em outros países.
Financeiramente, a Apple se sairá bem mesmo que uma parcela relativamente grande de proprietários de iPhone conserve seus telefones antigos por um tempo. Como a Apple está atingindo preços médios mais elevados para cada telefone, a receita pode aumentar acentuadamente no próximo ano mesmo que a empresa não venda muitas mais unidades.
A Apple também vem recebendo recentemente um impulso nas vendas de outros produtos. As vendas de iPad e Mac estão voltando a crescer após um período árduo, e as vendas de aplicativos, assinaturas da Apple Music e aparelhos auxiliares, como AirPods, estão impulsionando a companhia. No terceiro trimestre fiscal da Apple, encerrado em 1º de julho, o iPhone representou 55 por cento da receita, a menor fatia em três anos.
Mas, mesmo assim, o número absoluto de unidades vendidas do iPhone é muito importante para a Apple. O smartphone é o centro da família de produtos da Apple, e as vendas do Apple Watch, os downloads de aplicativos e o novo alto-falante doméstico estão ligados, pelo menos remotamente, às vendas do iPhone. Quanto mais unidades de iPhone a empresa vender, melhor ela estará em termos financeiros e estratégicos.
Lembre-se disso quando você ler relatórios esbaforidos nos próximos dias e meses sobre os mais recentes aparelhos da Apple: as fortunas da empresa de capital aberto mais valiosa do mundo são extremamente susceptíveis aos hábitos imprevisíveis de centenas de milhões de proprietários de iPhone.
Esta coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.
Para entrar em contato com o repórter: Shira Ovide em N York, sovide@bloomberg.net.
Para entrar em contato com a editoria responsável: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net.
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