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O significado do referendo da Catalunha para os investidores

Todd White e John Ainger

28/09/2017 11h51

(Bloomberg) -- Em 1º de outubro a Catalunha tentará realizar um referendo separatista ilegal. Para os investidores, o importante serão as consequências -- e uma possibilidade é que a maior economia regional da Espanha se declare uma república independente.

A ideia de que apenas 16 por cento da população do país possa reduzir as fronteiras da Espanha e escapar de suas leis e obrigações fiscais não preocupa os investidores. O que os preocupa é o que os separatistas farão depois. O presidente catalão, Carles Puigdemont, sugeriu que o governo regional liderado por separatistas possa declarar a independência catalã da Espanha poucos dias após a divulgação do resultado da votação.

Veja como os mercados provavelmente reagirão aos possíveis resultados após o referendo de domingo, segundo entrevistas com investidores e estrategistas:

Cenário 1: Algum tipo de vitória do "sim", ruas calmas

Tomas Pinto, codiretor de ações europeias da Pictet Asset Management, vê muito pouco risco para os mercados em geral.

"Não pode haver uma forte exigência por independência a partir disso", disse ele, em apresentação, em Paris. "A votação não é um referendo oficial e não importa o resultado em 1o de outubro, ela não resolverá o problema."

Os investidores advertem que qualquer reação do mercado seria moderada. "A Espanha não tem um mercado de futuros grande e líquido para sua dívida, por isso a atividade especulativa é menor do que na França ou na Itália, por exemplo", disse Raphael Gallardo, estrategista em Paris da Natixis Asset Management, que supervisiona 367 bilhões de euros (US$ 431 bilhões) em ativos, incluindo títulos espanhóis.

Cenário 2: Os catalães declaram a independência

Marc-Henri Thoumin, estrategista de renda fixa do Société Générale, disse que não espera uma declaração de independência catalã. Se acontecer, ele vê uma "instabilidade política" como resultado, o que reduzirá o valor dos títulos soberanos espanhóis de 10 anos em relação aos seus pares alemães e desvalorizará as notas de cinco anos em relação àquelas com vencimento em dois anos.

Cenário 3: A independência é declarada, o governo catalão é suspenso

"O mercado realmente não está focando nisso agora", disse Olivier Doleires, gerente de recursos do UBP, que tem posição vendida para o euro. Mas um cenário de repressão ainda maior do governo espanhol "definitivamente adicionará uma camada de pressão ao euro, porque já tivemos alguns eventos que estão pressionando" a moeda.

Cenário 4: Caos após desafio ao Estado de Direito

"Referendos são como kriptonita para as moedas", disse Kathleen Brooks, diretora de pesquisa da firma de trading City Index em Londres, em referência ao material fictício que enfraquece o Super-Homem. "Se o mercado previr caos, onde ninguém saiba realmente o que está acontecendo, o euro pode cair 1 por cento a 2 por cento e o diferencial entre os títulos dispararia. Se tivermos uma oscilação muito grande -- 100 pontos-base --, a moeda sairia ainda mais prejudicada."