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Se governo Temer for bem, PSDB chega forte a 2018, diz Aloysio

Samy Adghirni

09/10/2017 12h35

(Bloomberg) -- Um dos tucanos mais favoráveis à permanência do PSDB na base do presidente Michel Temer, o chanceler Aloysio Nunes Ferreira diz que seu partido só terá força na disputa presidencial do próximo ano se ajudar o atual governo a ser bem sucedido. 

"As chances do PSDB nas eleições de 2018 estão em grande parte condicionadas ao sucesso do governo do qual participamos", disse Aloysio, em entrevista à Bloomberg no Ministério das Relações Exteriores. "O PSDB faz parte de um conjunto de forças políticas no qual ele deveria ter um papel de liderança, especialmente buscando uma relação positiva com o maior partido nessa coalizão, que é o PMDB."

Senador licenciado pelo Estado de São Paulo, Aloysio é um dos quatro ministros tucanos no gabinete de Temer. Ao contrário do titular das Cidades, Bruno Araújo, que deu sinais dúbios quanto à sua disposição de permanecer no governo após o escândalo da JBS, Aloysio se manteve firme no apoio a Temer. Isso gerou atrito com outros caciques tucanos, como o presidente interino do partido, senador Tasso Jereissati, e o líder da bancada na Câmara, Ricardo Tripoli, que defenderam distanciamento do governo desde o início da primeira denúncia contra Temer. 

O racha tucano ressurgiu com força na semana passada, quando Tripoli atuou contra o deputado tucano Bonifácio de Andrada, escolhido pelo presidente da Comissão de Constituição de Justiça da Câmara (CCJ) para relatar a segunda denúncia contra Temer na esteira do caso JBS. Usando sua prerrogativa de líder de bancada, Tripoli retirou Bonifácio da CCJ para tentar evitar que um possível parecer pró-Temer levasse as digitais do PSDB. Mas o PSC cedeu uma de suas vagas na CCJ a Bonifácio, o que permitiu ao tucano se manter na relatoria da denúncia.

Para Aloysio, a manobra de Tripoli foi "uma loucura". O PSDB, diz o chanceler, deveria ter ficado satisfeito com a escolha de um deputado tucano para relatar tema tão importante. 

O ministro afirma que a aprovação de Temer inferior a 5% e os sucessivos escândalos que atingem em cheio o Planalto não são motivos suficientes para romper com o governo. "Pegue pesquisas para ver o grau de aprovação dos políticos, independentemente de estarem envolvidos em escândalo ou não. Veja o grau de rejeição de todos nós", diz Aloysio. Ele considera arbitrárias muitas das acusações contra políticos e defende até o colega senador Aécio Neves, de quem foi vice na chapa na corrida presidencial de 2014. 

"Aécio não tem nem sequer um processo contra ele, ele tem inquérito", diz Nunes Ferreira a respeito do áudio em que o senador mineiro aparece pedindo dois milhões de reais a Joesley Batista, um dos donos da JBS. "Aquela gravação é constrangedora do ponto de vista da conversa, inclusive foge ao padrão do comportamento dele, mas ali não há crime."

Aloysio defende que as forças políticas de centro se unam rapidamente para prevalecer nas eleições de 2018 e garantir a continuação das reformas econômicas. 

Perguntado se pretende entregar o cargo de ministro no início de 2018 para se candidatar ao Senado, respondeu: "Vou, vou ser candidato. Meu desejo é concorrer ao Senado, mas minha candidatura obviamente depende da armação geral da chapa do PSDB em São Paulo", disse Aloysio, que preferiu não responder sobre a definição do candidato tucano à Presidência.

O ministro, que mantém intensa agenda de viagens e ficou conhecido no exterior pelo forte posicionamento contrário ao governo venezuelano, diz acompanhar de perto a rotina no Congresso e admitiu ter "um pouco de saudade" do convívio com os colegas. "Sou fundamentalmente parlamentar na minha vocação."