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Dinamarca quer atrair trabalhadores da UE afetados pelo Brexit

Peter Levring

11/10/2017 11h47

(Bloomberg) -- Se o Reino Unido não puder garantir que o Brexit não afetará a vida dos cidadãos da União Europeia que trabalham lá, então essas pessoas deveriam procurar emprego na Dinamarca.

A Confederação da Indústria Dinamarquesa, que representa cerca de 10.000 corporações, afirma que agora é hora de tentar atrair esse grupo demográfico para o país escandinavo e ajudar a enfrentar uma grave escassez de mão de obra.

"Podemos empregar muitos cidadãos da UE que atualmente trabalham no Reino Unido", disse Steen Nielsen, chefe de política trabalhista da Confederação, que tem sede em Copenhague, em entrevista por telefone. "Não se sabe o que vai acontecer ? os britânicos ainda não sabem quais as normas vão aplicar" aos trabalhadores da UE, disse ele.

A primeira-ministra Theresa May tentou tranquilizar os cidadãos europeus que moram no Reino Unido, afirmando que eles continuarão sendo bem-vindos no país depois que ele sair da UE, por volta de março de 2019. No entanto, as negociações até agora estão paralisadas, e perguntas básicas, como quais são as obrigações orçamentárias do Reino Unido com a UE e quais serão os direitos dos cidadãos, continuam sem resposta.

Segundo Nielsen, a Dinamarca precisa ser proativa em seus esforços para atrair trabalhadores da UE que agora estão afetados pelo Brexit, porque muitos outros países europeus enfrentam uma escassez de mão de obra semelhante e também tentarão conquistá-los.

"Há uma disputa entre os países para atrair os trabalhadores certos", disse Nielsen. Segundo ele, nos últimos 12 meses, cerca de 40 por cento dos membros da confederação tiveram que abandonar iniciativas para encontrar as pessoas certas para preencher vagas.

"É muito relevante analisar mais de perto aqueles que não sabem como será seu futuro no Reino Unido", disse ele.

Países escandinavos, como a Dinamarca, estão se perguntando como encontrar os recursos necessários para sustentar seus famosos programas de bem-estar social. Na vizinha Suécia, nem mesmo um influxo recorde de imigrantes conseguiu aliviar a escassez de mão de obra, que agora ameaça derrubar o crescimento econômico do país.

O banco central dinamarquês há muito alerta sobre os gargalos no mercado de trabalho. Segundo o Conselho Econômico, um órgão independente que assessora o governo, serão necessários mais 70.000 novos trabalhadores do exterior para manter uma taxa de crescimento anual média de 2,1 por cento até 2025. "A pressão da capacidade sobre o mercado de trabalho está aumentando", afirmou o conselho em um relatório publicado em 10 de outubro.

O governo de centro-direita do primeiro-ministro Lars Lokke Rasmussen está reagindo com propostas de reduções fiscais para criar mais incentivos para as pessoas entrarem na força de trabalho (além disso, a Dinamarca também quer restringir o acesso dos trabalhadores migrantes da UE a seus serviços de assistência social).

Nielsen diz que a Dinamarca precisa urgentemente de tudo, de eletricistas a técnicos industriais e trabalhadores metalúrgicos. Além de ter na mira os cidadãos da UE cuja vida se tornou mais incerta por causa do Brexit, ele quer que as autoridades tornem mais fácil para as empresas trazer mão de obra qualificada de fora da Europa. A legislação atual estipula um piso para os níveis anuais de remuneração, e as empresas podem contratar estrangeiros em pouco mais de 400.000 coroas, ou cerca de US$ 63.000).