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Bombardier avalia opções para ativos aeroespaciais: Fontes

Eyk Henning, Manuel Baigorri e Frederic Tomesco

16/10/2017 14h16

(Bloomberg) -- A Bombardier está procurando investidores para sua divisão aeroespacial e considera vender algumas operações, disseram pessoas familiarizadas com o assunto. Um plano de recuperação da fabricante canadense de aviões enfrenta a pressão de tarifas potencialmente paralisantes dos EUA para seu principal avião de passageiros.

A fabricante com sede em Montreal está estudando a venda de ativos, como o avião turboélice Q400 e a CRJ, sua unidade de aviões regionais, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque as discussões são privadas. Um dos ofertantes é a Airbus, disseram, e uma pessoa disse que a Bombardier também está aberta a formar parcerias com outras empresas aeroespaciais.

O CEO Alain Bellemare está tentando frear a perda de caixa depois que seu avião de passageiros C Series chegou ao mercado com mais de dois anos de atraso e tendo excedido o orçamento em cerca de US$ 2 bilhões. Vendas de ativos ou acordos de investimento no setor aeroespacial reuniriam capital em um momento em que a Bombardier enfrenta um novo imposto de 300 por cento para a importação do avião nos EUA. Além disso, a Bombardier não conseguiu fusionar sua divisão de equipamentos ferroviários com a operação da Siemens após meses de negociações.

Acordos pelo Q400 ou pela CRJ poderiam dar vida a produtos definhados. Em termos de vendas, todo o segmento de aviões regionais, que podem transportar entre 50 e 90 pessoas, reuniu apenas 119 pedidos no ano passado, uma queda de 50 por cento.

"A Bombardier negligenciou esses produtos por muito tempo", disse Richard Aboulafia, consultor do setor aeroespacial na Teal Group. "Eles deveriam valer mais e ser mais desejáveis", disse ele, acrescentando que talvez seja mais fácil encontrar um comprador para o Q400 do que para a linha CRJ.

A Bombardier pretende entrar no mercado de aviões maiores com o C Series, mas atrasos e custos em excesso levaram a empresa a aceitar um investimento de US$ 1 bilhão do Quebec e outro de 372,5 milhões de dólares canadenses (US$ 300 milhões) do Canadá. O Global 7000, o avião privado da empresa, também foi adiado.

A Bombardier e a Airbus, cujas negociações prévias sobre uma possível colaboração empresarial fracassaram em 2015, não quiseram comentar. Não foram tomadas decisões finais e as deliberações entre a Bombardier e possíveis parceiros podem não resultar em transações, disseram as pessoas.

Iniciativa de recuperação

Recentemente, o Departamento de Comércio dos EUA impôs tarifas de 300 por cento ao C Series, alegando que a Bombardier vendia o avião de fuselagem estreita abaixo do valor de mercado justo por ter recebido subsídios do governo no Canadá. A agência tomou a decisão por uma queixa apresentada pela Boeing depois que a Bombardier vendeu pelo menos 75 aviões à Delta Air Lines, transação avaliada em mais de US$ 5 bilhões com base nos preços de lista.

Colin Bole, vice-presidente sênior de vendas da unidade de aviões comerciais da Bombardier, disse em uma coletiva de imprensa em Mirabel, Quebec, que a empresa "está preparando um enorme número de campanhas do Q400 globalmente e sem dúvida pretende concretizá-las nos próximos meses".

"Acredito que vocês verão uma mudança drástica no número de pedidos atrasados", disse Bole.

--Com a colaboração de Benjamin D. Katz Ruth David Annie Massa Ed Hammond Aaron Kirchfeld e Julie Johnsson