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Gestores de fortunas bombardeados com questões sobre bitcoin

Suzanne Woolley

21/11/2017 16h55

(Bloomberg) -- Do alto de seus 74 anos, David Kotok, da Cumberland Advisors, orientou clientes abastados durante uma longa carreira que atravessou bolhas e crashes. Ultimamente ele só ouve perguntas sobre a bola da vez entre os investidores: bitcoin.

"Os clientes falam de bitcoin o tempo todo", disse Kotok. "Eles acham que é bacana. Tem o caráter de novidade, que atrai algumas pessoas, mas outros diriam que novidade é um risco que preferem não correr."

Gestores de fortunas dos EUA estão lidando com uma enxurrada de telefonemas e emails de clientes que temem perder uma oportunidade grande se não adquirirem bitcoins. A maioria dos consultores financeiros não recomenda a compra de um ativo tão volátil e sem valor intrínseco, mas oferece dicas para clientes que já tomaram essa decisão.

A moeda digital tem deixado os profissionais de Wall Street desnorteados. O UBS Group, maior gestor de fortunas do planeta, quer distância de bitcoin por causa da falta de supervisão governamental. Já Michael Novogratz está montando um fundo de hedge de US$ 500 milhões para apostar em ativos virtuais. Graças ao espetacular avanço de US$ 750 para US$ 8.200 em um período de um ano, a mania chegou aos investidores pessoa física. Os consultores financeiros têm sugestões para esse pessoal.

Kotok, que administra aproximadamente US$ 3 bilhões para clientes afortunados, recomenda que eles não se empolguem e explica que se trata de uma jogada clássica de posicionamento puramente técnico. Para quem já tem bitcoins e se gaba de seus ganhos, ele aconselha que retirem o valor que foi inicialmente investido. É melhor jogar só com o dinheiro já ganho no próprio cassino.

Mão no fogo

Kevin Grimes, presidente da Grimes & Co., acha que a melhor forma de aprender sobre esse mercado é colocando a mão no fogo. Por isso ele comprou algumas bitcoins na bolsa Coinbase neste ano.

"Considerar bitcoin uma bobagem pode se provar um grande erro", disse Grimes, 42 anos. No entanto, a esta altura, ele acha que comprar bitcoin é como jogar em Las Vegas e que os clientes somente devem comprar esse ativo com dinheiro que podem perder. "Bitcoin pode chegar a zero e ser uma fraude e pode chegar a números que ninguém imagina ainda", ponderou.

Investimento alternativo

Sam Boyd, diretor sênior da Capital Asset Management Group, tem uma visão mais tática. Ele não recomenda a compra de bitcoin, mas entende que pode funcionar como ativo alternativo não correlacionado em uma carteira ? da mesma forma que os fundos de investimento imobiliário e fundos de hedge. Mas é preciso manter alocações pequenas.

"Não se deve colocar mais de 5 por cento em investimentos alternativos de nenhum tipo", aconselhou Boyd, 30 anos, que trabalha para uma instituição que administra aproximadamente US$ 500 milhões.

O próprio Boyd é dono de bitcoins, que ele considera um "investimento de longo, longo, longo prazo". No entanto, ele recomenda que os clientes não mantenham a carteira na mesma plataforma em que compraram a moeda digital. As carteiras ("wallets") garantem a senha privativa que os donos de bitcoin usam para fazer transações. Quem comprou ativos na plataforma Mt. Gox e deixou-os em uma carteira na bolsa de moedas virtuais do Japão perdeu o que investiu quando a plataforma foi alvo de hackers.

Boyd sugere transferir bitcoins para uma carteira que fique na área de trabalho do computador, como a Exodus. Essas carteiras têm o mesmo grau de segurança do computador onde estão armazenadas, segundo ele, então é recomendável fazer backup da máquina e proteger os dados que contém.

Greg Sullivan, presidente da Sullivan Bruyette Speros & Blayney, afasta os clientes da bitcoin. A estratégia dele é falar que pensem em oferta e demanda. Ele explica que, diferentemente de outros ativos, não há barreiras para entrada no ramo de moedas digitais e por isso novas moedas podem facilmente desviar os fluxos de demanda.