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Opções de bitcoins são o que precisamos para domar a fera

Andy Mukherjee

11/12/2017 14h30

(Bloomberg) -- O evento financeiro seminal do ano, da década atual e possivelmente da nossa geração é esse: começou a negociação de futuros em bitcoins.

Mas os derivativos que realmente jogariam água fria no frenesi atual da criptomoeda e transformariam os tokens digitais em commodities, moedas, tulipas ou o que quer que fosse favorável aos especuladores - ou até digno de investimento -- não são os futuros. São as opções.

É difícil prever como as regras de negociação de futuros atuais lidarão com algo volátil como o bitcoin.

A Cboe Global Markets começou a oferecê-los no domingo, e em breve eles estarão disponíveis na CME Group. Corretoras como E*Trade Financial, TD Ameritrade Holding e Ally Financial provavelmente seguirão o exemplo. Mas conforme pontua Lily Katz, da Bloomberg News, se as oscilações de preço de quinta-feira se refletissem nos contratos futuros, a negociação teria que ser pausada ou suspensa várias vezes ao longo do dia.

A esperança é que essa situação caótica venha a mudar. Quando grandes montantes de liquidez institucional puderem apostar contra preços futuros irracionalmente altos (ou baixos) em relação ao preço à vista, este último também se estabilizará.

Contudo, as opções são necessárias para acelerar a estabilização.

Um preço de futuro de um mês de, por exemplo, US$ 16.000 apenas diz que se você vender um bitcoin quando estiver a US$ 16.704 e comprar um contrato futuro que expira em um mês, você estará efetivamente ganhando uma taxa de juros em bitcoins de 57 por cento, anualizada.

Se os investidores julgarem a taxa alta demais ou baixa demais, tendo em vista todas as outras taxas de juros da economia, incluindo principalmente a do dólar americano, de 1,52 por cento, veremos os preços à vista e de futuros se ajustarem, por conseguinte. Essa descoberta seria muito mais rápida se pontos de vista extremos -- aqueles que acham que o bitcoin estará custando US$ 100.000 em um mês e aqueles que apostam que estará em US$ 1.000 -- forem expulsos do mercado. O que os preços dos futuros não nos dirão é a dispersão das expectativas e suas probabilidades.

Pelham Smithers Associates e Albert Maass fizeram uma análise útil das opções de bitcoins em contratos futuros que atualmente são negociados na Deribit, uma bolsa europeia de derivativos para a moeda digital. Eles construíram um "casamento de opções" ao preço corrente em torno de um preço de exercício de US$ 12.000 em 5 de dezembro adquirindo duas opções de compra de bitcoin por essa quantia e uma opção de venda. A estrutura renderia dinheiro apenas se o preço dos futuros de março superasse os US$ 18.000 em um mês (ou seja, no início de janeiro) ou caísse para US$ 9.000 ou menos.

As opções de bitcoin, na forma atual, recompensam apenas expectativas de anormalidade: um aumento de preço de 50 por cento ou mais ou um recuo de pelo menos 25 por cento em um mês. Como observaram os analistas, "as opções são tão ricas que é preciso uma grande oscilação do bitcoin, para cima ou para baixo, para justificar o preço". Um casamento de opções com a libra esterlina, em contrapartida, renderia dinheiro se a taxa de câmbio oscilasse apenas 2 por cento para cada lado.

Trocando em miúdos, os pontos de vista extremos mandam no bitcoin. O único antídoto é ter um ator convencional como CME ou Cboe oferecendo opções para que a exuberância (ou o pessimismo) irracional seja eliminada. As bolsas, contudo, já estão recebendo críticas, inclusive de algumas das maiores corretoras de derivativos do mundo, por acelerarem a inclusão dos contratos no mercado sem refletirem sobre os riscos.

Em um futuro próximo, as opções de bitcoin aparentemente continuarão sendo para poucos e dominadas por excêntricos. Perde-se assim uma oportunidade de domar a besta.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.