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Implantes que aliviam dor são alternativa a remédios nos EUA

Michelle Fay Cortez

26/12/2017 17h01

(Bloomberg) -- Para milhões de americanos que sofrem de dores neuropáticas debilitantes, uma opção antes ignorada surgiu como alternativa às altas doses de opioides: dispositivos médicos implantados que usam eletricidade para frear os sinais de dor, da mesma forma que fones com cancelamento de ruído agem contra o som.

A técnica, chamada neuromodulação, é uma bênção para Linda Landy, que era uma corredora de 42 anos quando fez uma cirurgia no pé que deu errado, em 2008. Ela foi diagnosticada com síndrome complexa de dor regional, transtorno chamado pelos médicos de "doença do suicídio", porque a dor é tão implacável que muitos pacientes se matam.

Em novembro do ano passado, Landy fez uma cirurgia para implantar um dispositivo da Abbott Laboratories que estimula o gânglio da raiz dorsal, um lugar da coluna que transmitia a dor de seus nervos machucados. Um ano após receber o implante, chamado DRG, ela reduziu drasticamente o uso de analgésicos.

"O DRG não elimina completamente a dor, mas torna-a tolerável", disse Landy, que tem três filhos e mora em Fort Worth, Texas. Agora, ela consegue andar de novo e pode viajar de avião sem precisar de uma cadeira de rodas. "Parece uma bobagem, mas é algo muito importante."

Inovações

Inovações recentes de fabricantes globais de dispositivos, como a Abbott e especialistas menores, como a Nevro, tornaram os implantes mais potentes e eficazes. Junto com uma campanha nacional contra narcóticos e receitas injustificadas para analgésicos, isso está estimulando a demanda por implantes.

O mercado poderia dobrar de cerca de US$ 1,8 bilhão nos EUA e US$ 500 milhões na Europa atualmente para US$ 4 bilhões daqui a 10 anos, segundo a empresa de pesquisa médica Decisions Resources Group.

"Havia um grande estigma quando os implantes surgiram", disse Paul Desormeaux, analista da Decisions Resources em Toronto. "A ideia de transmitir um sinal elétrico pelo sistema nervoso era um pouco assustadora, mas, à medida que dados clínicos foram publicados e os médicos conseguiram demonstrar que isso é seguro, a atitude geral mudou muito."

Pelo menos 50 milhões de adultos nos EUA padecem de dor crônica, segundo os Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. Só uma fração deles se beneficiaria com a estimulação da medula espinhal - uns 3,6 milhões, segundo a Decisions Resources -, mas esses são os pacientes que costumam receber as doses mais altas de narcóticos. Entre eles, estão pessoas com danos neurais provocados por transtornos como neuropatia diabética e zona, bem como por cirurgias.

"Sem dúvida, a implantação desses dispositivos diminui o risco de dependência de opioides", disse Timothy Deer, presidente dos Spine and Nerve Centers of the Virginias em Charleston, Virgínia Ocidental, uma incubadora da epidemia de opioides. "Se chegarmos a um paciente antes que ele receba opioides, conseguimos reduzir a necessidade de usá-los em 95 por cento dos casos."