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Start-ups de maconha querem consumidores de bebida alcoólica

Jennifer Kaplan

09/01/2018 13h04

(Bloomberg) -- Empresas de bebidas alcoólicas, tenham cuidado: a cannabis quer conquistar seus clientes.

Agora que o uso recreativo da maconha está legalizado na Califórnia e em outros sete Estados dos EUA, as start-ups disputam com as empresas de bebidas alcoólicas tradicionais a atenção dos consumidores que pretendem usar socialmente algum inebriante. Em vez de se encontrar depois do trabalho para tomar umas, por exemplo, as start-ups sugerem outras maneiras de se descontrair com amigos ou colegas de trabalho. Talvez algum vinho de cannabis, talvez uma água gaseificada com maconha ou talvez até mesmo um simples baseado.

A Toast, uma start-up com sede em Aspen, Colorado, cofundada por um ex-diretor de marketing da Budweiser, é uma das empresas que se inspiram nas grandes companhias de bebidas alcoólicas. Ela oferece dois tipos de cigarros de cannabis: seu produto homônimo que, segundo a empresa, é semelhante a um coquetel, e Toast Gold, comparado a uma taça de champanhe. Outra extensão de linha, chamada Toast Reserve, prevista para o primeiro trimestre deste ano, é anunciada como a versão de maconha do whisky escocês.

"A Toast foi criada para que, nas situações em que você pensaria em bebidas alcoólicas, você pense na Toast", disse Chris Burggraeve, cofundador e ex-executivo da Bud.

Tudo faz parte da mudança rápida no modo em que os EUA olham para a maconha. Sessenta e quatro por cento da população dos EUA agora deseja legalizar a maconha, de acordo com uma pesquisa da Gallup divulgada em outubro. A Califórnia legalizou o uso recreativo em 1 de janeiro, o que significa que um em cada cinco adultos americanos agora pode comer, beber, fumar ou vapear o quanto quiserem. Espera-se que a indústria atinja US$ 50 bilhões até 2026, em contraste com US$ 6 bilhões em 2016, segundo a Cowen & Co.

Rota direta

Algumas empresas estão tentando vencer cervejarias e destilarias no jogo delas. Os produtores de Los Angeles por trás da Rebel Coast Wines criaram uma nova marca homônima, um sauvignon blanc sem álcool com infusão de cannabis.

"Definitivamente, pretendemos atrair os consumidores de bebidas alcoólicas tradicionais e dar-lhes uma alternativa melhor", com menos calorias e sem ressaca, disse o cofundador da Rebel Coast, Alex Howe.

A ameaça que a cannabis representa para a indústria de bebidas alcoólicas, de US$ 257 bilhões na América do Norte, é real, disse Vivien Azer, analista da Cowen & Co. que cobre ambos os setores.

"O álcool e a cannabis são alternativas de lubrificantes sociais", disse Azer em uma nota de pesquisa no mês passado. Em algumas partes dos EUA, onde a maconha está legalizada, o consumo de bebidas alcoólicas diminuiu ao mesmo tempo em que o uso da maconha ganhou frequência, disse ela.

Algumas empresas de bebidas alcoólicas veem valor em participar de ambos os setores. A Constellation Brands, que vende a cerveja mexicana Corona nos EUA, comprou uma participação minoritária em uma empresa canadense de maconha em outubro, a primeira grande incursão de uma marca de bebidas no mercado da cannabis. Outras cervejarias e destilarias, como a Molson Coors Brewing, a Anheuser-Busch InBev, a Diageo e a Pernod Ricard, também podem estar examinando esse espaço, de acordo com analistas da indústria de bebidas.