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Macron questiona varejistas sobre escândalo do leite contaminado

Robert Williams e Mark Deen

12/01/2018 10h34

(Bloomberg) -- O presidente da França, Emmanuel Macron, disse que ordenou que os ministros se reúnam com varejistas como Carrefour e Casino Guichard Perrachon para discutir por que os produtos alimentares para bebês da marca Lactalis contaminados com salmonela não foram retirados das prateleiras das lojas.

"Se punições forem necessárias, elas serão impostas", disse Macron em uma entrevista coletiva em Roma, onde participou de uma cúpula franco-italiana, sem oferecer mais detalhes.

Pelo menos 35 crianças foram infectadas por salmonela após consumir o leite infantil produzido em uma usina da Lactalis no oeste da França, de acordo com o governo francês, que ordenou em 8 de dezembro que os produtos contaminados fossem retirados das prateleiras. Enquanto as consequências do escândalo se espalham, a Lactalis continua sendo o foco da raiva. A empresa de laticínios está sendo investigada por promotores e enfrenta processos judiciais dos consumidores.

"Este é um assunto sério, ocorreu um comportamento inaceitável que deve ser punido", disse o ministro das Finanças, Bruno Le Maire, em entrevista à imprensa na quinta-feira. "O governo precisou intervir com uma empresa que estava irregular e que tem a exclusiva responsabilidade pela qualidade e pela segurança de seus produtos no mercado."

Varejistas envolvidos

A Lactalis respondeu na quinta-feira que está fazendo tudo o possível para chegar à raiz do problema e recuperar a confiança dos consumidores.

"Estou na empresa há 28 anos e nunca vivemos uma situação como esta", disse o porta-voz da Lactalis, Michel Nalet, em uma entrevista coletiva transmitida pela televisão. "Estamos fazendo de tudo para chegar às causas disso, avançar, reativar a fábrica e recuperar a confiança da população."

Varejistas franceses estão agora sendo arrastados para o escândalo, porque grupos de defesa do consumidor estão trucidando-os por não terem sido minuciosos o suficiente com o recall dos produtos. O Carrefour afirma que vendeu 434 produtos que deveriam ter sido retirados das prateleiras. O Casino informou que vendeu 352 itens, de acordo com a AFP. Os supermercados de capital fechado Système U e E. Leclerc também admitiram que alguns dos produtos chegaram aos consumidores.

"Isso não foi levado a sério o suficiente", disse Jean-Yves Mano, presidente da associação de consumidores CLCV na estação de rádio France Info, na quinta-feira. Os varejistas "precisam assumir a responsabilidade pela saúde pública".

Interrupção definitiva

Entre os produtos infantis da Lactalis que haviam sido retirados de circulação está o leite para bebês vendido com as marcas Picot, Milumel Bio e Pepti-Junior.

O Carrefour decidiu retirar das prateleiras todos os produtos da fábrica contaminada, não apenas os 12 lotes incluídos na ordem de recall do governo, informou a empresa em um comunicado.

Na noite de quarta-feira, o presidente do varejista Intermarché, Thierry Cotillard, disse que sua empresa deixaria de vender "definitivamente" qualquer produto infantil da marca Milumel, da Lactalis, culpando o grupo de laticínios pela má gestão do recall dos produtos.

As ações do Carrefour e do Casino caíram em Paris.