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Chile projeta regras de leilão de lítio para atrair produtoras

Laura Millan Lombrana

23/01/2018 11h33

(Bloomberg) -- O país que detém as maiores reservas de lítio está esboçando regras para leiloar direitos de mineração do mineral usado em baterias recarregáveis, iniciativa que permitiria a entrada de mais atores no mercado.

As novas regras provavelmente serão aprovadas depois da posse do presidente eleito Sebastián Piñera, em março, segundo Eduardo Bitran, chefe da agência de desenvolvimento do governo, a Corfo. Em setembro, a ministra da Mineração, Aurora Williams, disse que a comissão que trabalha no novo código do lítio ofereceria uma orientação até o fim de 2017.

A produção de lítio no Chile é restrita desde 1979, quando o governo declarou que se tratava de uma commodity "estratégica" porque se pensava que era um elemento-chave dos processos nucleares. O governo não concede licenças para o lítio há mais de duas décadas e a Albemarle e a Soc. Química & Minera de Chile são as únicas empresas que produzem no país. Com o aumento da demanda global por lítio, outras pequenas empresas adquiriram direitos ou abriram escritórios no Chile à espera de que o governo estabeleça novas regras.

"As empresas terão que expressar interesse em uma licença de lítio e então o governo verá se há outros interessados", disse Bitran em entrevista em Santiago, na segunda-feira. "Passaremos por um processo de leilão e o melhor ofertante ficará com a licença."

As empresas que já detêm direitos sobre outros minerais terão prioridade para as licenças de lítio nessas áreas, disse ele. Os ofertantes também teriam que obter uma licença separada da Comissão Chilena de Energia Nuclear (CCHEN), que supervisiona as exportações de lítio.

As operações da Albemarle e da SQM nos desertos de sal do Atacama têm o potencial de produzir 300.000 toneladas de carbonato de lítio por ano até 2025, segundo Bitran. A produção do Atacama, por si só, cobriria metade da demanda mundial prevista, enquanto todos os demais desertos de sal do Chile combinados poderiam produzir cerca de 100.000 toneladas por ano, disse.

Na semana passada, a Corfo e a SQM encerraram uma disputa contratual de anos, fechando novas condições para a produção no Atacama. O acordo também abre caminho para que a SQM se associe à produtora estatal de cobre Codelco no deserto de sal de Maricunga, onde ambas as empresas possuem terras.

"O acordo inclui uma cláusula na qual a SQM se compromete a fazer seu melhor esforço para negociar uma joint venture com a Codelco em Maricunga", disse Bitran. "Não vemos como alguém que quer operar em Maricunga poderia fazê-lo sem a propriedade da SQM, que está bem no centro do deserto de sal."

Esperava-se que a Codelco anunciasse uma parceria para ajudar a desenvolver o lítio em Maricunga no fim do ano passado, mas a empresa adiou a decisão em novembro. A empresa provavelmente analisará a possibilidade de criar uma joint venture com a SQM quando o governo de Piñera nomear o novo presidente do conselho da Codelco, disse Bitran.