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Fundos de hedge dos EUA mudam de nome para afastar estereótipos

Hema Parmar, Sonali Basak e John Gittelsohn

15/02/2018 11h55

(Bloomberg) -- Quando Jonathan Hook, diretor de investimentos da Harry and Jeanette Weinberg Foundation, se reúne com os conselheiros para propor aplicações em fundos de hedge, ele escolhe suas palavras cuidadosamente.

"Queremos conscientemente não usar esse termo 'fundos de hedge'", explicou Hook, que ainda assim despejou nesses fundos 30 por cento dos US$ 2,2 bilhões que a fundação detém, comparado a uma parcela inferior a 10 por cento há três anos. "As pessoas claramente sabem que são fundos de hedge, conhecem a estrutura de taxas, mas nossa tendência é não usar esse termo com o conselho."

Hook está entre os investidores que tentam se distanciar do ceticismo em relação aos fundos de hedge. Com razão ou não, essas firmas são conhecidas por cobrar taxas elevadas para ganhar muito dinheiro independentemente do desempenho que entregam. Para atrair planos de previdência, instituições como AQR Capital Management e Goldman Sachs Group estão oferecendo estratégias mais baratas e de perfil passivo. Novas terminologias também estão sendo lançadas.

"Nós chamamos de alternativas vendáveis", disse Jonathan Miles, diretor-gerente da Wilshire Associates e responsável pela área de assessoria de fundos de hedge. "Para nós, o termo 'fundo de hedge' não significa nada. Se refere mais a uma estrutura jurídica do que a uma estratégia de investimento."

Equívoco

Para a Aberdeen Asset Management, o termo é equivocado. Algumas gestoras de recursos aplicam s mesmas taxas e têm estruturas jurídicas de fundos de hedge, mas não executam o hedge em si, disse Darren Wolf, responsável pela divisão Americas Alternative Investment Strategies - que até um ano atrás se chamava Hedge Fund Solutions.

"Hoje em dia, muitos fundos de hedge oferecem estratégias atraentes de diversificação, como resseguros, empréstimos diretos ou financiamento especializado", explicou Wolf. "Portanto, o termo 'fundo de hedge' não é mais uma classe de ativos definida."

Maior demanda

Independentemente de como são chamados, o aumento da demanda incentivou mais gestoras de recursos - inclusive fundos de hedge - a oferecer esses produtos. E a turbulência nos mercados neste mês talvez torne as estratégias de hedge mais desejáveis.

A Man Group, maior firma de fundos de hedge do mundo com ações negociadas em bolsa, captou mais de US$ 2 bilhões no ano passado para investimentos alternativos baseados em prêmios de risco. A AQR, fundada como fundo de hedge em 1998, levantou dinheiro para apostas similares no final do ano passado. O Goldman Sachs também criou investimentos para replicar o desempenho dos fundos de hedge. Um dos fundos do Goldman, chamado GS Absolute Return Multi-Asset Fund, com mais de US$ 30 milhões em ativos, teve valorização de 4,11 por cento em 2017.

Sentimentos negativos

Geralmente, as taxas de administração para produtos parecidos com fundos de hedge ficam ao redor de 1 por cento e as taxas de performance variam de zero a 10 por cento, de acordo com a Aon. É mais do que os investidores pagam para os fundos passivos que acompanham índices, como os fundos negociados em bolsa (exchange-traded funds ou ETFs), mas menos do que os fundos de hedge propriamente ditos, que geralmente cobram taxa de administração de 2 por cento e levam 20 por cento dos lucros.

Os produtos alternativos permitem que os investidores façam apostas parecidas sem os sentimentos negativos que os fundos de hedge trazem à tona, disse Russell Barlow, responsável pela divisão Global Alternative Investment Strategies, da Aberdeen.

"É barato, tem liquidez e não se chama fundo de hedge", afirmou Barlow.

--Com a colaboração de Katherine Burton