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Consumidores russos continuam viciados em promoções

Olga Tanas

22/02/2018 12h33

(Bloomberg) -- Os russos continuam aferrando-se aos comportamentos de consumo que os ajudaram a atravessar a pior recessão registrada pelo país neste século, e a economia cambaleia da recuperação para a estagnação.

A demanda do consumidor, que representa mais da metade da economia do maior exportador de energia do mundo, é cada vez mais indicadora do que está por vir e permanece lenta porque melhorias constantes nos salários não conseguiram distrair os consumidores que buscam pechinchas. A última pesquisa do Sberbank CIB sobre o consumidor médio concluiu que a fatia de russos "viciados em promoções" foi de 60 por cento no último trimestre, somente um pouco menor que nos três meses anteriores.

"Durante a crise, as ações promocionais pareciam ser uma isca fácil", disse Marat Ibragimov, analista sênior da BCS Financial Group em Moscou. "Os consumidores estavam interessados em aproveitar, e agora algumas categorias de compradores continuam procurando ativamente os descontos e só querem comprar produtos se for oferecido um desconto. Os varejistas se tornaram vítimas da própria preguiça."

Devido ao mal-estar do consumidor, as empresas estão tendo dificuldades para encontrar um equilíbrio entre conservar os lucros e atrair os consumidores com grandes descontos. A Magnit, segunda maior varejista da Rússia, conta com promoções para vender 80 por cento dos produtos de limpeza doméstica e quase a mesma proporção para convencer as pessoas a gastar em bebidas alcoólicas, como tequila e uísque. Uma rede rival, a Lenta, afirma que os russos continuam "muito sensíveis aos preços e muito dependentes da atividade promocional".

A frugalidade persiste apesar de um ano e meio de ganhos salariais e de uma queda da inflação para um piso recorde. Uma das principais razões é que a renda disponível real, ou seja, o dinheiro que resta depois de pagar os impostos, continuou contraindo-se quase ininterruptamente desde o final de 2014. Apenas um truque contábil levou-a a um crescimento zero em janeiro.

Neste ano, o produto interno bruto crescerá mais lentamente do que havia sido previsto, com uma expansão de 1,8 por cento após o decepcionante avanço de 1,5 por cento em 2017, de acordo com uma pesquisa da Bloomberg. O Fundo Monetário Internacional estima que o PIB da Rússia aumentará a menos de metade do ritmo projetado para a produção mundial em 2018.

Quase dois terços dos russos afirmam que sua situação financeira não mudou nos últimos 12 meses, e quase metade espera pouca diferença no próximo ano, de acordo com uma pesquisa realizada pela inFOM em janeiro em nome do banco central. Uma pesquisa recente do Levada Center concluiu que 59 por cento dos entrevistados acreditam que a Rússia provavelmente ou definitivamente enfrentará um ano "tenso" para a economia.

Faltando menos de um mês para a eleição presidencial, o desânimo entre os consumidores é uma preocupação para Vladimir Putin, que já decretou um aumento no salário mínimo neste ano. As vendas no varejo, embora tenham crescido por 10 meses, diminuíram em janeiro, e a maioria dos aumentos anuais ficou abaixo de 3 por cento desde a retomada da expansão.