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Sauditas se sentem tentados a exportar petróleo bruto dos EUA

Serene Cheong

22/02/2018 13h26

(Bloomberg) -- Até a Arábia Saudita quer aproveitar o boom do petróleo dos EUA.

A empresa petrolífera estatal do reino considerou a possibilidade de enviar petróleo americano para a Ásia em fevereiro através de uma unidade norte-americana, mas acabou determinando que isso não seria economicamente viável, de acordo com uma pessoa a par do assunto. A companhia também perguntou a compradores potenciais na Ásia se eles estariam interessados na oferta dos EUA, de acordo com funcionários de duas refinarias regionais. As pessoas pediram anonimato porque as informações são confidenciais.

O fato de os sauditas terem decidido não despachar uma carga dos EUA para a maior região consumidora de petróleo do mundo neste mês não significa que a ideia não será considerada novamente. Uma venda do tipo seria algo inédito e representaria uma possível estratégia da nação do Oriente Médio diante da crescente produção dos EUA. As ofertas americanas estão ameaçando os esforços da Opep e de seus aliados para eliminar o excesso global e elevar os preços.

A Saudi Arabian Oil Co., conhecida como Aramco, considerou despachar petróleo dos EUA para a Ásia por meio de sua unidade Motiva Enterprises, que tem sede em Houston, EUA, e opera a maior refinaria da América do Norte em Port Arthur, no Texas, com uma capacidade bruta de mais de 600.000 barris por dia. A Aramco não respondeu a um pedido de comentários enviado por e-mail.

O petróleo bruto relativamente barato dos EUA tem chegado cada vez mais a grandes países consumidores, como China, Índia e Coreia do Sul, nos últimos 12 meses e arrebatado participação de mercado dos fornecedores tradicionais, como a Arábia Saudita. Embora o petróleo americano ainda seja um novato na Ásia, a Aramco está tentando aproveitar as oportunidades apresentadas pelo boom do xisto americano, que revolucionou o fluxo de cargas no mercado global.

Nesta semana, o preço do petróleo de referência dos EUA superou o Dubai, indicador do Oriente Médio, pela primeira vez em mais de um ano. Este recente aumento da força do West Texas Intermediate pode ter contribuído para derrubar a potencial remessa da Costa do Golfo.

"Nos níveis atuais, a força do WTI em relação aos preços do Dubai não justifica fluxos de arbitragem de petróleo dos EUA para a Ásia", disse Nevyn Nah, analista da consultoria do setor Energy Aspects.

O petroleiro Suezmax AST Sunshine, provisoriamente previsto para transportar petróleo bruto dos EUA para a Ásia, não foi finalizado para a viagem, de acordo com dados de transporte marítimo compilados pela Bloomberg. A embarcação deveria transportar 130.000 toneladas de petróleo bruto no fim de fevereiro, saindo da Costa do Golfo dos EUA com destino a Cingapura e a Ningbo, na China.

Enquanto se prepara para o que poderia ser uma oferta pública inicial recorde, a Aramco anunciou planos para expandir sua unidade comercial comprando e vendendo petróleo de origem não-saudita. A IPO é a peça central do plano do reino para desvincular sua economia do petróleo. O governo estimou que a venda de ações poderia avaliar a empresa em US$ 2 trilhões, embora os analistas façam estimativas mais baixas.