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Guerra da China ao plástico impulsiona gigante europeia

Hanna Hoikkala e Jesper Starn

27/02/2018 14h31

(Bloomberg) -- Uma das maiores fabricantes de papel e embalagens da Europa se prepara para o aumento nas vendas esperado após a decisão da China de substituir o plástico por materiais de fibra.

O país mais populoso do mundo deverá se tornar o maior mercado da Stora Enso em cinco anos com a substituição do plástico por copos e caixas de fibra produzidos pela empresa finlandesa.

A iniciativa da China impulsionará "significativamente" o crescimento das vendas das divisões de Papelão e Soluções de Embalagem, disse o CEO Karl-Henrik Sundstrom em entrevista em Estocolmo, em 19 de fevereiro. Com isso, a China deverá se transformar no maior mercado da empresa em termos de receitas até 2023. O país era o terceiro maior mercado no ano passado e o quarto em 2016.

A China interrompeu recentemente a importação de resíduos plásticos para reciclagem e está substituindo cada vez mais materiais fósseis por produtos florestais. A decisão repercute em todo o globo. A União Europeia e outras jurisdições estudam a aplicação de impostos maiores e a proibição de produtos de plástico descartáveis, considerando que os resíduos estão se acumulando após a proibição da China às importações. A gigante britânica do petróleo BP recentemente reduziu a perspectiva de demanda para o setor petroquímico, projetando uma regulação cada vez maior para alguns tipos de produtos, em particular os plásticos usados uma única vez.

Em pesquisa recente da Stora Enso, as empresas chinesas lideraram uma lista de companhias que desejam passar a usar materiais renováveis, o que mostra o potencial do mercado no país.

"Os chineses são de longe os mais interessados em sustentabilidade e na substituição de produtos fósseis por fibra", disse Sundstrom. A empresa dele abriu uma nova fábrica de papelão em Beihai, na China, em 2016. "Mais da metade das centenas de clientes que consultamos quer substituir o plástico por materiais florestais e a China está no topo dessa lista."

A iniciativa já está aumentando as vendas das divisões de Papelão e Soluções de Embalagem da Stora Enso, que produzem embalagens para alimentos, eletrônicos, cosméticos, chocolate e produtos farmacêuticos, entre outros. Um terço de todas as caixas de bebidas do mundo é produzido com o cartão para embalagem de produtos líquidos da empresa finlandesa e as receitas trimestrais combinadas das duas unidades agora se aproximam de 1 bilhão de euros (US$ 1,23 bilhão).

A Stora Enso também está investindo em novos materiais baseados em biocompósitos e lignina. Os novos produtos responderam por 7 por cento das vendas no ano passado, o dobro do nível de 2016. Sundstrom disse que essa proporção aumentará ainda mais neste ano e estima que futuramente chegará a 10 a 15 por cento.

A mudança para os materiais renováveis continua sendo desafiadora devido à onipresença do plástico e à influência do setor, disse Sundstrom. Pouco mais de um terço de todo o material de embalagem do mundo ainda é feito de plástico, enquanto quase um terço é baseado em fibra e outro terço é de outros materiais, como alumínio e vidro.

"O plástico é uma enormidade, está em todas as partes, por isso a mudança levará algum tempo", disse o CEO.

Mas a forma de pensar está mudando rapidamente. "Quando a indústria começou a falar em substituir o plástico, fazíamos cópias exatas do produto de plástico", disse Sundstrom. "Agora, os clientes que querem se livrar do plástico querem que se note que os produtos são de fibra. O marrom é o novo normal."