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Orçamento de Trudeau mira licença parental e igualdade salarial

Greg Quinn

28/02/2018 12h54

(Bloomberg) -- Justin Trudeau está colocando a igualdade para as mulheres em posição central no terceiro orçamento de seu governo.

O plano, apresentado na terça-feira em Ottawa, inclui recursos para a redução da diferença salarial entre os funcionários federais, para o apoio a mulheres em empregos dominados por homens e para a oferta de cinco semanas de licença remunerada para os novos pais (homens) que permanecerem em casa.

O discurso do ministro das Finanças, Bill Morneau, sobre o orçamento citou os movimentos "#MeToo e #TimesUp" e fez referências a uma aprendiz de encanadora chamada Joan. Os orçamentos futuros darão sequência à nova prática de realizar uma análise de gênero de cada dólar gasto, disse Morneau, acrescentando que a correção das disparidades poderia ampliar a economia do Canadá em 150 bilhões de dólares canadenses (US$ 119 bilhões) até 2026.

"Não há nenhum CEO que apoie algo que atrasa arbitrariamente metade dos integrantes de sua organização", disse Morneau, em discurso preparado sobre o orçamento. "Com este orçamento, enfrentamos o desafio da igualdade de peito aberto -- fazendo perguntas difíceis e começando a oferecer soluções."

Destaques das medidas de gênero do orçamento:

- Aumento de 2 bilhões de dólares canadenses do financiamento à política de ajuda internacional "feminista" do Canadá nos próximos cinco anos fiscais;

- Licença parental incluirá cinco semanas de benefícios para o segundo progenitor, sob o princípio de "usar ou perder" o direito, com o objetivo de incentivar as famílias biparentais a "dividirem igualmente a tarefa de criação dos filhos" e permitir que as mulheres voltem a trabalhar mais cedo. O total de 1,2 bilhão de dólares canadenses em cinco anos provém de um programa já existente de seguro-desemprego. Um benefício semelhante oferecido na província de Quebec aumentou o uso da licença parental por novos pais (homens) a 80 por cento, contra 12 por cento no restante do Canadá;

- A legislação de igualdade salarial para os empregadores federais com mais de 10 funcionários deverá reduzir a diferença salarial entre homens e mulheres em cerca de 3 centavos de dólar canadense e incentivar os empregadores privados a também tomarem medidas;

- Outra lei consagrará e aprofundará o uso da análise baseada no gênero;

- O governo reservou 86 milhões de dólares canadenses em cinco anos para o combate à violência de gênero;

- A agência federal de estatísticas receberá recursos para criar um novo Centro de Estatísticas de Gênero, Diversidade e Inclusão e o governo expandirá o órgão Status of Women Canada para transformá-lo em um departamento federal completamente autônomo.

Trudeau transformou a igualdade de gênero em mensagem-chave de seu governo desde que assumiu o cargo, em 2015, com o primeiro gabinete da história do Canadá com equilíbrio entre homens e mulheres. Ele disse na edição deste ano do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que as empresas deveriam contratar mais mulheres e acabar com o assédio sexual sistêmico.

O setor corporativo do Canadá tem muito espaço para melhorar. Das 250 empresas da principal bolsa de valores do país, apenas seis contavam com CEOs mulheres, segundo cálculos da Bloomberg. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) informou no ano passado que a diferença salarial de gênero no Canadá é "persistentemente alta" e superior à média do grupo como um todo.

--Com a colaboração de Erik Hertzberg