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Supermercados dos EUA tornam-se vítimas de batalha da Amazon

Craig Giammona

19/03/2018 11h54

(Bloomberg) -- Esta é a situação atual do setor de supermercados nos EUA.

As redes regionais estão declarando falência. As redes de desconto de origem europeia estão se expandindo, forçando concorrentes a reduzir seus próprios preços. E a Kroger e a Walmart, os dois maiores supermercados dos EUA, estão investindo em tecnologia e expandindo o serviço de entrega na tentativa de evitar um ataque da Amazon.com.

É uma perspectiva sombria para um setor que deveria estar se recuperando neste ano. Um período histórico de deflação dos alimentos - que provocou uma guerra de preços nos últimos dois anos - chegou ao fim, mas os esforços para vender mais mantimentos pela internet estão abocanhando muitos investimentos. E alguns nomes muito conhecidos estão pedindo arrego.

A Southeastern Grocers, proprietária das redes de supermercados Winn-Dixie e Bi-Lo, entrou com um pedido de recuperação judicial na semana passada.

"O ambiente está intensamente competitivo", disse Jennifer Bartashus, analista da Bloomberg Intelligence. "E não prevejo alívio em breve."

Por enquanto, a Amazon é mais uma ameaça simbólica. A companhia adquiriu a Whole Foods Market no ano passado, mas a compra lhe rendeu menos de 500 lojas físicas. O negócio de entrega de mantimentos da gigante do comércio eletrônico, por sua vez, tem uma fatia pequena do mercado de supermercados.

Investidores assustados

Mesmo assim, a expansão da Amazon levou as lojas tradicionais a fazer mudanças caras - e os temores dos investidores têm prejudicado suas ações. Até agora neste ano, a Kroger e a Walmart combinadas perderam mais de US$ 30 bilhões em valor de mercado.

Mas os grandes supermercados pelo menos têm a escala e os recursos necessários para se adaptar. Os nomes de menor porte do setor enfrentam um risco ainda maior.

Além da Southeastern Grocers, a Tops Friendly Markets também entrou com um pedido de recuperação judicial nos últimos 30 dias. Com sede em Williamsville, Nova York, a Tops tem cerca de 170 lojas.

A Southeastern Grocers, por sua vez, tem quase 700 pontos de venda. A empresa anunciou na quinta-feira que estava se reorganizando e tem planos para fechar 94 lojas.

À medida que a pressão aumenta, outras redes regionais poderiam quebrar, de acordo com Roger Davidson, consultor da indústria.

"Os comerciantes mais fracos estão começando a entrar em colapso", disse ele.

Rivais alemãs

Na verdade, algumas redes continuam adicionando lojas, como Aldi e Lidl. As duas rivais alemãs de longa data representam atualmente 27 por cento dos supermercados recentemente construídos ou em contrução nos EUA, de acordo com dados da empresa de pesquisa Planned Grocery.

Lidl é uma recém-chegada nos EUA, mas uma pesquisa mostrou que ela força concorrentes a reduzir preços nos mercados onde abre lojas.

A Aldi opera nos EUA desde 1976 e agora tem mais de 1.750 lojas. Está gastando mais de US$ 5 bilhões para reformar 1.300 lojas existentes e construir mais 750 filiais nos próximos cinco anos.

Toda essa pressão competitiva chega em uma época em que o setor de supermercados vem registrando em média um crescimento de cerca de 2 por cento nos últimos cinco anos, de acordo com um relatório da Forrester Research. Isso significa que o setor está lutando principalmente por participação de mercado neste momento.

"Todos esperavam que o retorno da inflação proporcionasse certo alívio", disse Bartashus, da Bloomberg Intelligence. "Mas isso não aconteceu."